◊ Cidade do Vaticano (RV) - “Eu me envergonho da carne do meu irmão, da minha irmã?”: esta é uma das perguntas feitas pelo Papa Francisco na missa celebrada esta manhã na Casa Santa Marta.
O Cristianismo, disse ele, não é uma regra sem alma, um prontuário de regras formais para pessoas que usam a máscara da hipocrisia para esconder um coração vazio de caridade. O Cristianismo é a própria “carne” de Cristo, que se curva sem se envergonhar sobre quem sofre. Para explicar esta contraposição, o Papa Francisco comentou o Evangelho do dia, o diálogo entre Jesus e os doutores da lei, os quais criticam os discípulos pelo fato de não respeitarem o jejum. A questão, afirmou o Papa, é que os doutores da lei transformaram o cumprimento dos Mandamentos numa “formalidade”, esquecendo sua raiz, ou seja, “de que é uma história de salvação, de eleição e de aliança”:
Receber do Senhor o amor de um Pai, receber do Senhor a identidade de um povo e depois transformá-la numa ética, é rejeitar aquele dom de amor. Essas pessoas hipócritas são pessoas boas, fazem tudo o que deve ser feito. Parecem boas! São eticistas, mas eticistas sem bondade, porque perderam seu sentido de pertença a um povo! O Senhor dá a salvação dentro de um povo, na pertença a um povo.
Na Primeira leitura, notou o Pontífice, já o Profeta Isaias descreve com clareza qual era o jejum segundo a visão de Deus: “Romper os grilhões da iniquidade”, “pôr em liberdade os oprimidos”, mas também “repartir o pão com o faminto, recolher em casa os pobres desabrigados”, “vestir quem está nu”.
Este é o jejum que o Senhor quer! Jejum que se preocupa com a vida do irmão, que não sente vergonha – diz o próprio Isaias – da carne do irmão. A nossa perfeição, a nossa santidade vai avante com o nosso povo, no qual nós somos eleitos e inseridos. O nosso maior ato de santidade está justamente na carne do irmão e na carne de Jesus Cristo. O ato de santidade de hoje, nosso, aqui, no altar, não é um jejum hipócrita: não é nos envergonhar da carne de Cristo que vem aqui hoje! É o mistério do Corpo e do Sangue de Cristo. É dividir o pão com o faminto, cuidar dos doentes, dos idosos, daqueles que não podem dar nada em troca: isso é não sentir vergonha da carne!
Isso significa que o “jejum mais difícil”, afirmou ainda o Papa, é “o jejum da bondade”. É o jejum do qual é capaz o Bom Samaritano, que se curva sobre o homem ferido, e não o do sacerdote, que vê o necessitado mas segue avante, talvez com medo de se contaminar. E concluiu: “esta é a proposta da Igreja hoje: eu me envergonho da carne do meu irmão, da minha irmã?”:
Quando dou esmola, deixo cair a moeda sem tocar sua mão? E se por acaso a toco, faço assim, logo? (o Papa faz o gesto de limpar a mão na veste). Quando dou esmola, olho nos olhos do meu irmão, da minha irmã? Quando sei que alguém está doente, vou visitá-lo? O saúdo com ternura? Há um sinal que talvez nos ajudará, é uma pergunta: sei acariciar os doentes, os idosos, as crianças, ou perdi o sentido do carinho? Esses hipócritas não sabiam acariciar! Tinham esquecido… Não ter vergonha da carne do nosso irmão: é a nossa carne! Seremos julgados pelo modo como tratamos este irmão, esta irmã.
(BF)
O Cristianismo, disse ele, não é uma regra sem alma, um prontuário de regras formais para pessoas que usam a máscara da hipocrisia para esconder um coração vazio de caridade. O Cristianismo é a própria “carne” de Cristo, que se curva sem se envergonhar sobre quem sofre. Para explicar esta contraposição, o Papa Francisco comentou o Evangelho do dia, o diálogo entre Jesus e os doutores da lei, os quais criticam os discípulos pelo fato de não respeitarem o jejum. A questão, afirmou o Papa, é que os doutores da lei transformaram o cumprimento dos Mandamentos numa “formalidade”, esquecendo sua raiz, ou seja, “de que é uma história de salvação, de eleição e de aliança”:
Receber do Senhor o amor de um Pai, receber do Senhor a identidade de um povo e depois transformá-la numa ética, é rejeitar aquele dom de amor. Essas pessoas hipócritas são pessoas boas, fazem tudo o que deve ser feito. Parecem boas! São eticistas, mas eticistas sem bondade, porque perderam seu sentido de pertença a um povo! O Senhor dá a salvação dentro de um povo, na pertença a um povo.
Na Primeira leitura, notou o Pontífice, já o Profeta Isaias descreve com clareza qual era o jejum segundo a visão de Deus: “Romper os grilhões da iniquidade”, “pôr em liberdade os oprimidos”, mas também “repartir o pão com o faminto, recolher em casa os pobres desabrigados”, “vestir quem está nu”.
Este é o jejum que o Senhor quer! Jejum que se preocupa com a vida do irmão, que não sente vergonha – diz o próprio Isaias – da carne do irmão. A nossa perfeição, a nossa santidade vai avante com o nosso povo, no qual nós somos eleitos e inseridos. O nosso maior ato de santidade está justamente na carne do irmão e na carne de Jesus Cristo. O ato de santidade de hoje, nosso, aqui, no altar, não é um jejum hipócrita: não é nos envergonhar da carne de Cristo que vem aqui hoje! É o mistério do Corpo e do Sangue de Cristo. É dividir o pão com o faminto, cuidar dos doentes, dos idosos, daqueles que não podem dar nada em troca: isso é não sentir vergonha da carne!
Isso significa que o “jejum mais difícil”, afirmou ainda o Papa, é “o jejum da bondade”. É o jejum do qual é capaz o Bom Samaritano, que se curva sobre o homem ferido, e não o do sacerdote, que vê o necessitado mas segue avante, talvez com medo de se contaminar. E concluiu: “esta é a proposta da Igreja hoje: eu me envergonho da carne do meu irmão, da minha irmã?”:
Quando dou esmola, deixo cair a moeda sem tocar sua mão? E se por acaso a toco, faço assim, logo? (o Papa faz o gesto de limpar a mão na veste). Quando dou esmola, olho nos olhos do meu irmão, da minha irmã? Quando sei que alguém está doente, vou visitá-lo? O saúdo com ternura? Há um sinal que talvez nos ajudará, é uma pergunta: sei acariciar os doentes, os idosos, as crianças, ou perdi o sentido do carinho? Esses hipócritas não sabiam acariciar! Tinham esquecido… Não ter vergonha da carne do nosso irmão: é a nossa carne! Seremos julgados pelo modo como tratamos este irmão, esta irmã.
(BF)
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