O Padre Caffarel insistia, com regularidade, sobre esse tesouro
de graças para os esposos.
A fonte e o ápice do amor encontram-se na Eucaristia:
Jesus torna-se aí presente para se dar a nós
e a seu Pai. Toda eucaristia nos mostra pelo ato e nos lembra
que a ação de Jesus consiste em dar-se por
amor; mais ainda, ele é o “Dom de Deus”. Celebrar a Eucaristia é entrar nesse contexto.
Cristo se dá aos esposos no momento de seu consentimento: ele também diz “sim”.
Ele também se compromete. A Eucaristia mostra aos esposos até onde esse compromisso chega. Em cada Eucaristia, os esposos reconhecem a graça que lhes é própria: de que maneira Cristo dá sua vida até o fim por amor a outrem.
Os esposos são nutridos por esse amor de Cristo em sua história concreta. De maneira litúrgica,
oferecemos o pão e o vinho para que sejam transformados no corpo e no sangue de Cristo. Esse pão e esse vinho são o símbolo da assembléia: sua vida, seus esforços, seus compromissos.
P&JL: “Fazei isso em memória de mim” passa a ter um significado especial para nós como esposos. À imagem de Cristo que, ao oferecer seu “corpo” e seu “sangue” renova a aliança eterna, ou seja, a aliança de ontem, hoje e amanhã, nós também renovamos a nossa aliança. Fazemos memória do “dom”conjugal recíproco de todo nosso ser, na alegria e na tristeza, para o melhor e para o pior... até que a morte nos separe. “Por Ele, nEle e com Ele” rendemos glória ao Pai que nos fez “dom” um para ooutro e que nos recebe unidos a Ele.
Assim os esposos podem oferecer-se a si mesmos e serem “incorporados” no mistério de Cristo
sempre vivo. Depois de cada eucaristia, uma parte de nós (e, portanto, de nossa vida) entrou em Deus,
foi transformada e unida a seu corpo místico. Adivinha-se, assim, o que faz a especificidade do
sacramento do matrimônio: dizer um “sim” que tem a dimensão do “sim” de Deus. Assim como Maria disse “sim” ao projeto de Deus, os esposos dizem “sim” um ao outro e a Deus, que está no “interior” de seu consentimento. Ele está “dentro do” próprio ato de liberdade. Deus chama os esposos a se darem a se perdoarem: ele os toma pela mão. Ele assume o risco do amor com eles. Ele pode ser renegado e rejeitado. Ele caminha com os esposos. Ter consciência dessa presença divina é essencial para os esposos. É uma consciência que pode estar adormecida, obscurecida. Ela vai também se desenvolvendo ao longo do tempo, dos anos que passam. É freqüente que os esposos passem a reconhecer, depois do fato, o que de precioso existe nesse dom do Senhor. Muitas vezes, há novas “primaveras” espirituais nos
retiros ou em acontecimentos familiais: o batizado de uma criança, a cura de uma ferida familial ou pessoal.
P&JL: Cada vez mais, os casais que assistem juntos à Eucaristia se dão as mãos no momento da
recitação do Pai nosso até o abraço da paz, quando se beijam. Esses pequeno sinais exteriores estão cheios de significado. Eles nos ajudam a tomar consciência da união de dois amores, o amor do Cristo e o amor do cônjuge.
Pe. Alain MATTHEEUWS s.j
Priscilla e Jean-Louis SIMONIS
Lourdes 2006
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