Boa semana a todos!!
Gostei muito deste artigo do Correio Riograndense, por isso partilho com voces!!
um abraço a todos, principalmente aos catequistas.
alexandre
Referência em catequese, ir. Nery diz que estrutura do “sempre foi assim” deve ser quebrada.
Por Alberto Meneguzzi
Especial para o Correio Riograndense
Irmão Nery diz, entre outras coisas, que o grande diferencial do novo modelo de catequese é considerar o estudo da iniciação cristã como uma preparação para a formação do discípulo e missionário, desconsiderando, assim, o antigo modelo de ‘cursinhos vestibulares de preparação aos sacramentos’. “Em muitas paróquias existe a sagrada pastoral da rotina, ou seja, sempre se fez assim e não se muda. É preciso quebrar esta estrutura. Esse não é um pedido meu, mas consta no Documento de Aparecida.”
Correio Riograndense - Qual a importância de encontros como esses, que reúnem milhares de catequistas para uma jornada de formação, reflexão, estudo e partilha?
Ir. Israel José Nery - Hoje uma das preocupações fundamentais da Igreja é cuidar da formação de cada católico. A Igreja quer oferecer a todos os católicos a oportunidade para o encontro pessoal com Jesus, para a conversão pessoal. Também quer motivar a conversão das estruturas da pastoral. Um evento como esse aqui em Caxias do Sul, que reúne tantos catequistas, dá uma injeção de entusiasmo, alimenta a fé e impulsiona a alegria de seguir Jesus. Estimula ainda o voluntariado e, sobretudo, une mais o senso do “somos irmãos na mesma vocação e missão”. Os catequistas não podem ficar isolados e devem celebrar a alegria de ser irmão e irmã dos demais, que possuem a mesma vocação
CR - Como agir para que a catequese não imite o modelo escolar?
Ir. Nery - O catequista precisa agir de forma a não imitar o modelo de sala de aula, de professor. Se é para fazer diferente, o encontro não pode ser 45 minutos, nem uma hora. Não pode parecer aula. Tem que ser encontro. E para ser encontro, o catequista precisa fazer as pessoas se encontrarem, se apresentarem, serem felizes por estarem ali. Ele precisa criar um clima diferente. Um encontro de catequese é um momento meditativo, celebrativo, orante, comunitário e por isso tudo, desafiador. Um encontro assim não se faz em 45 minutos. É preciso mudar a estrutura, mas para que isso aconteça é preciso também uma mudança na cabeça dos catequistas.
Não dá para entrar na dimensão do “eu sou o professor de religião.” Sou, isso sim, um pastor ou pastora que anima o grupo e que opta por Jesus e vive com Ele. É preciso também mudar a cabeça de padres, freiras, de pais e mães de muitas comunidades, para que a catequese seja algo vital e não apenas um cursinho vestibular para receber a hóstia sagrada ou a confirmação. Isso já era, não existe mais. Agora é encontro pessoal com Jesus, encontro comunitário. É o compromisso com Ele e com a comunidade. Isso vai além do que qualquer aula, do que qualquer ensino ou doutrina, porque vida não se explica, se vive.
Não dá para entrar na dimensão do “eu sou o professor de religião.” Sou, isso sim, um pastor ou pastora que anima o grupo e que opta por Jesus e vive com Ele. É preciso também mudar a cabeça de padres, freiras, de pais e mães de muitas comunidades, para que a catequese seja algo vital e não apenas um cursinho vestibular para receber a hóstia sagrada ou a confirmação. Isso já era, não existe mais. Agora é encontro pessoal com Jesus, encontro comunitário. É o compromisso com Ele e com a comunidade. Isso vai além do que qualquer aula, do que qualquer ensino ou doutrina, porque vida não se explica, se vive.CR - Muitos catequistas reclamam da ausência dos padres. O que precisa mudar na formação dos presbíteros quando o assunto é catequese?
Ir. Nery - Nós estamos ainda, como Igreja Católica, devedores de um estilo de formar presbíteros, que é intelectualmente. Você precisa ter três anos de estudo de filosofia e outros quatro de teologia. Ótimo, não tenho nada contra isso, eu também fui formado assim. Vou dar um exemplo. Aquele que vai dar seis meses de aulas sobre Jesus Cristo é um doutor em cristologia. Mas não basta ser um cientista sobre Jesus, tem que dar consciência e competência, é necessário provocar a fé, ajudar a viver o encontro pessoal com Jesus. Um doutor de Bíblia que ensina sobre o Antigo ou Novo Testamento, não basta ensinar cientificamente, trabalhar arqueologia e tudo o que a bíblia diz. Ele tem que provocar a fé na palavra.
CR - Mas qual o caminho então?
Ir. Nery - Enquanto nós não introduzirmos dentro da faculdade a união fé e vida, vamos formar o presbítero que é doutor e vai falar para o povo como doutor, mas não vai chegar ao coração, porque ele não vive isso. É preciso trabalhar a experiência pastoral. Um presbítero que não entende de pastoral, não vai dar apoio à catequese, nem para a pastoral da juventude, e muito menos para a pastoral da família. Porque ele vai achar que o fundamental é celebrar a missa, sacramentalizar, e que é fundamental dar as homilias dele e ministrar os cursos a partir do que ele aprendeu. Nós temos que mexer na vida, trabalhar a vida, isso é o essencial. Tanto eu como os presbíteros, os bispos, precisamos de uma formação nova, de um jeito novo, para poder evangelizar.
CR - Isso tudo para não cair naquilo que o senhor chama de ‘sagrada pastoral da rotina’...
Ir. Nery - Sim, isso mesmo. Eu costumo dizer que nós temos uma sagrada pastoral da rotina, ou seja, sempre se fez assim e não se muda. É preciso quebrar esta estrutura. Esse não é um pedido meu, mas consta no Documento de Aparecida. Ele nos pede conversão pessoal e das estruturas, que precisam ser mudadas porque não comunicam mais como deveriam o evangelho e nem a vida cristã. Nós temos que ter orientações claras e, para isso, é preciso aprender uma nova linguagem, uma nova maneira de conversar com o povo

CR - Os novos modelos propostos provocam mudanças significativas na catequese. Uma dessas mudanças é a sugestão de seguir a catequese conforme o ano litúrgico. Esta é a fórmula ideal?
Ir. Nery - É normal que as pessoas tenham medo de mudar. A rotina paralisa. Tudo sempre foi assim, assim continuará sendo, pensam alguns. É preciso respeitar as características de cada local, mas é prudente que as orientações diocesanas sejam seguidas. Uma catequese que imita o tempo escolar transforma o ambiente catequético em escola. Fala-se em matrícula para os catequizandos. Os catequistas acabam agindo como professores. Daí existem as férias no mesmo tempo que a escola, tudo vira uma imitação da escola. Fica difícil desvincular. Por isso, obedecer ao calendário litúrgico significa fazer da catequese algo diferente. Esse é um desafio da catequese nos dias de hoje.
FONTE: Correio Riograndense
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