Como Casais das Equipas de Nossa Senhora, somos convidados nos próximos anos a renovar este esforço de voltar às origens, ao mistério de Cristo e da Igreja, pois é neste grande amor que encontramos a nossa razão de ser.
Este convite a que os casais das Equipas de Nossa Senhora regressem à fonte deverá concretizar-se na fidelidade à Carta Fundadora (1947), revisitando os textos inspiradores do carisma, mística e pedagogia do nosso Movimento - assentes em três pilares fundamentais: Orientações de Vida; Pontos Concretos de Esforço e Vida de Equipa - e, mais recentemente, num desejo de fidelidade criativa, bem expressa no Segundo Fôlego.
Todos somos mobilizados para este percurso de retorno às origens, para que a vivência da espiritualidade conjugal, eixo da nossa vida, seja cada vez mais fecunda nestes tempos de grandes mudanças no mundo, mudanças que representam um desafio. Ousemos, pois, o Evangelho na fidelidade e na coerência da Fé “acolhendo os valores e as necessidades na medida em que sejam assimiláveis e em união ao Carisma Fundador” (padre Caffarel – discurso de Chantilly; Maio1987).
Na base de uma espiritualidade conjugal e familiar, podemos caminhar no sentido da redescoberta sempre mais profunda do sentido da fé, aqui entendida, como nos convida Bento XVI, como adesão a Deus, cujo amor reconhecemos na história e nas nossas vidas, como pessoas e como casais.
A relação do homem e da mulher, que nas Equipas de Nossa Senhora é iluminada e fortalecida pela graça do sacramento, é vivida no e com o Senhor. É importante aceitar as diferenças entre os cônjuges, não só na sua complementaridade psicológica e afectiva, mas também tendo em conta a diferenciação pessoal (sexual) inscrita no pensamento de Deus, que assim criou o homem à sua imagem e semelhança, e homem e mulher os criou (Gen 1,27), como se lê nas Sagradas Escrituras: “E Deus viu que era tudo muito bom” (Gen 1,31).
No matrimónio cristão celebramos a redenção do homem e da mulher no que diz respeito também à dinâmica dos afectos e das paixões.
Pelo dom do Espírito Santo e com o auxílio da graça, é possível passar de um amor passional para a dinâmica de um amor oblativo. Para o casal cristão, o próximo mais próximo e prioritário é o próprio cônjuge. Este é chamado a ser constantemente um “bom samaritano” para o outro, vivendo a partir do outro e ao serviço das necessidades dele, em vez de seguir espontaneamente os desejos e projectos pessoais e a própria satisfação. Só é possível viver a santidade em qualquer estado de vida cristã, mas muito particularmente no matrimónio, seguindo a lógica da cruz, ou seja, o amor oblativo, de dar a vida um pelo outro.
A nossa maior ousadia será a vivência da nossa relação conjugal - movida sempre pelo amor e pela abnegação – que deve ser testemunho de vida do casal e da família.
Em Chantilly, o Padre Caffarel afirmava a este respeito: “Não existe amor sem abnegação, e não se pode praticar uma abnegação que não venha do amor”, pois só um amor abnegado e fiel é verdadeiro. E continuava: “A vida conjugal comporta grandes riquezas mas também grandes exigências”.
Fonte http://www.equipes-notre-dame.com/documents_privates/Orientations_PT.pdf
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