A reportagem é de Edison Veiga e José Maria Mayrink e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 01-07-2013.
Hummes falou sobre os protestos na noite de sábado,
no auditório do Colégio São Bento, no centro de São Paulo, para uma
plateia de católicos. A palestra foi organizada pelo movimento Comunhão e Libertação.
"A internet, as redes sociais facultam ao povo a possibilidade de se
autoconvocar, sem a necessidade de líderes ou de sindicatos", comentou o
cardeal. "Por isso são manifestações por natureza sem líderes fortes e
permanentes."
Hummes afirmou que é preciso "aprender a lidar" com
esses eventos. "Nem os sindicatos nem o governo estão sabendo lidar com
isso", pontuou, citando a pesquisa do Datafolha - que mostrou queda da
popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT), de 57%
para 30% - como prova de que as autoridades não estão sabendo responder
corretamente os clamores dos manifestantes. "Isso é eficaz. A sociedade
conseguiu se expressar e está obtendo muitas vitórias. É muito bom",
disse.
Ele condenou, entretanto, a violência e o vandalismo nas
manifestações. "É um custo social. Sempre tem quem aproveite a
oportunidade. E a polícia, a segurança pública têm de aprender a lidar
com isso também. Enfim, é uma escola: com o tempo, todos vão aprendendo a
lidar com esse fenômeno novo, que veio para ficar e para somar com a
democracia", afirmou.
"O Estado não pode pretender que a sociedade esteja a serviço dele. O
Estado é que está a serviço de um povo." O cardeal também disse que a
"revolução" contida nos Evangelhos "não contradiz esse tipo de
fenômeno". "A mensagem de Cristo tem tudo a ver com essa reivindicação
do povo. Por isso temos de estar presentes. Na rua a gente evangeliza de
fato."
Papa
Ao Estado, Hummes comentou sobre as impressões que o Papa Francisco
vem tendo das manifestações. Ele não teme que elas atrapalhem a visita
que o pontífice fará ao Brasil entre 22 e 28 de julho, para a Jornada Mundial da Juventude.
"É difícil prever alguma coisa. Mas não esperamos que algo aconteça
porque as reivindicações não têm a ver com a visita do papa. Têm a ver
com o nosso governo. Por isso supomos que não haverá grandes problemas."
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