Pe. Paul-Dominique Marcovits , o.p.
Postulador da causa do Pe Caffarel
(trechos da intervenção do Pe. Marcovits em Brasilia)
Permitam que o postulador da causa do Pe. Caffarel vos recorde que tudo começou aqui, no Brasil. É a forma de eu e a vice-postuladora, Marie-Christine Genillion, expressarmos o nosso reconhecimento aos equipistas deste país. Em 2004, os responsáveis internacionais das Equipas de Nossa Senhora, Gérard e Marie-Christine de Roberty, e o conselheiro espiritual internacional, Mons. François Fleischmann, visitaram os equipistas do Brasil. Notaram não só o afeto que todos têm pelo Pe. Caffarel, que veio visitá-los três vezes, mas verificam sobretudo «uma presença» do fundador das Equipas. Um santo é, em primeiro lugar, alguém que está «vivo» a quem cada um se dirige hoje para viver e vencer as dificuldades da existência. Foi por isso que as Equipes pediram ao arcebispo de Paris, Mons. André Vingt-Trois, que abrisse a causa do seu fundador. O Pe. Caffarel está vivo para nós. Tem de se tornar vivo para todos! Não é permitido aos equipistas guardá-lo para si: o Pe. Caffarel deve resplandecer na Igreja e para além dela…
Que objectivo se persegue? O bem dos casais e de todos os que querem fazer oração. O objectivo é mostrar que o matrimónio é uma Boa Notícia para os que se amam e que a oração é fonte de vida e de amor. A vida e a personalidade do Pe. Caffarel, os seus ensinamentos comunicados nos seus livros, as obras que fundou, são de uma riqueza tal que tudo isso deve ser partilhado por todos.
O Pe. Caffarel é um homem do encontro. Esclareçamos que nunca foi ele quem procurou esses encontros que moldaram a sua vida. Foram eles que se lhe impuseram.
Em primeiro lugar, foi Deus que veio. Todos conhecemos o relato que resume toda a sua vida: «Aos 20 anos, Jesus Cristo, de repente, tornou-Se alguém para mim. Mas não foi nada de espectacular. Nesse longínquo dia de Março de 1923, fiquei a saber que era amado e que amava, e que, daí em diante, a minha relação com Ele seria para toda a vida. Tudo estava jogado» (Jean Allemand, Henri Caffarel, um homem cativado por Deus, Ed. Lucerna, Estoril, p. 18). O Senhor impôs-Se-lhe. Foi essa a sua alegria, a sua vida. Foi o primeiro encontro. Tudo se centra no amor que Deus lhe revela: ele é amado por Deus, ele ama Deus, tudo está definido, «Tudo estava jogado», diz ele exactamente. Toda a sua vida se edificará sobre este amor recíproco entre Deus e ele.
Os dois outros encontros determinantes do Pe. Caffarel estão na continuidade deste, são sempre obra de Deus: o encontro em 1939 com casais que lhe pedem que os conduza no caminho da santidade e a quem ele responde: «Procuremos juntos»; e, em 1943, o encontro com viúvas que lhe pedem que as conduza nesse novo caminho e a quem ele responde igualmente: «Procuremos juntos». Quando o Senhor Se manifesta a alguém é para lhe confiar uma missão: fazer bem aos outros. O Pe. Caffarel deseja que façamos a experiência do amor de Deus. Missão essencial!
No seu túmulo, o Pe. Caffarel mandou escrever: «Vem e segue-Me». Foi assim. O Senhor orientou a vida do seu servo para que este estivesse ao serviço do amor revelado aquando da sua vocação em 1923: o amor no matrimónio, o amor mais forte do que a morte na viuvez.
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A vida do Pe. Caffarel encontra a sua origem em Deus. Ele centra-se em Deus, organiza tudo em torno do encontro com o seu Senhor. Pode ter parecido exigente… («Sede exigentes e jamais vos arrependereis», gostava ele de dizer); pareceu, por vezes, demasiado sério (excepto com os brasileiros, pois não pôde resistir ao seu bom humor!); come pouco (o que é impensável para os franceses!)… O nosso fundador não é, portanto, uma múmia perfeita. Mas foi sempre o homem do encontro.
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O Pe. Caffarel amava a Igreja apaixonadamente. Era padre da diocese de Paris. Os arcebispos de Paris compreenderam e apoiaram sempre as suas obras. Foi o anterior arcebispo de Paris, Mons. Jean-Marie Lustiger, que lhe deu o título de «profeta para o nosso tempo», mostrando assim a fecundidade do Pe. Caffarrel, que apresenta o matrimónio como «caminho de santidade».
O Pe. Caffarel estava em profunda harmonia com o Papa Paulo VI. Quando, em 1970, o Pe. Caffarel foi a Roma com mais de três mil casais, o Papa fez um longo discurso sobre o matrimónio que encheu de alegria o padre e os equipistas, de tal forma viram nele a espiritualidade conjugal de que as Equipas viviam. Nesse dia, o Papa entregou ao Pe. Caffarel um cálice que um sobrinho seu, o Pe. Voisin, nos emprestou para o nosso encontro: é um pouco do Pe. Caffarel, nosso fundador, que visita de novo o Brasil.
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Conduzir os outros a Deus é para ele o essencial.
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Escreve ao amigo: «Eu gostaria, caro amigo, que, quando fosses para a meditação, tivesses sempre a forte convicção de que és esperado: esperado pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo, esperado na família trinitária. Onde o teu lugar está pronto: de facto, lembra-te do que Cristo disse: “Vou preparar-vos um lugar”» (Henri Caffarel, Na presença de Deus, Cem cartas sobre a oração, Ed. Lucerna, Estoril, 2008, pp. 8-9). Quantos descreveram o Pe. Caffarel diante do Santíssimo Sacramento, sentado no seu banquinho de pedra. Nada se move: ele permanece em Deus.
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Permitam-me agora que vos dê algumas notícias precisas sobre o desenrolar do processo da causa do Pe. Caffarel. Este processo foi aberto a 25 de Abril de 2006 pelo arcebispo de Paris, o cardeal André Vingt-Trois, a pedido das Equipas de Nossa Senhora que, para esse fim, se constituíram na «Associação dos Amigos do Pe. Caffarel», sendo a sua responsabilidade assumida pela Equipa Responsável Internacional, em particular pelo casal Maria Carla e Carlo Volpini.
Desde a abertura do processo, o delegado episcopal nomeado para esse inquérito, Mons. Maurive Fréchard, antigo bispo de Pau, recebeu numerosos testemunhos, a maior parte dos quais foi apresentada por mim próprio, postulador, e pela vice-postuladora, Marie-Christine Genillon. Mons. Fréchard recebeu também o relatório dos censores teólogos, que examinaram a rectidão de fé do Pe. Caffarel. Recebeu ainda o relatório da comissão histórica, que examinou a autenticidade das informações relativas à vida do Pe. Caffarel.
A vice-postuladora classificou todos os arquivos respeitantes à causa. Mons. François Fleischmann, antigo conselheiro espiritual internacional, digitalizou perto de três mil páginas, editoriais de revistas e textos vários, e,como chanceler da diocese de Paris, autenticou um número considerável de documentos.
Pensamos que este inquérito diocesano estará terminado no fim deste ano de 2012. O conjunto do trabalho será entregue à Congregação para as Causas dos Santos, em Roma. Abrir-se-á então a segunda parte do caminho sob a responsabilidade de um novo postulador, o Pe. Angelo Paleri, franciscano conventual, postulador geral da sua Ordem e membro das Equipas de Nossa Senhora. Eu próprio terei de redigir a “positio”, ou seja, a síntese das investigações que demonstram a santidade do Pe. Caffarel. As nomeações oficiais serão comunicadas em 2013.
Basta que compreendam que uma investigação para uma causa exige tempo e trabalho e que o mesmo se realiza segundo regras rigorosas. Mas digo-vos tudo isto com a seguinte finalidade:
O Pe. Caffarel será beatificado se Deus quiser… Mas também se cada um de vós também quiser! Se o pedirem ao Senhor! A Igreja reconhece então esta realidade. Para isso, há que realizar três acções:
– em primeiro lugar, ler e meditar os escritos do Pe. Caffarel sobre o matrimónio e a oração. Conhecê-lo é amá-lo e entrar na sua escola.
– Em seguida, viver a vossa graça do matrimónio, ajudados de forma particular pela Carta: o matrimónio é um caminho de santidade. A santidade da vossa vida manifestará também a santidade do Pe. Caffarel que vos conduziu.
– Finalmente, rezar com frequência a oração que pede a canonização do Pe. Caffarel. Pedir, pedir ao Senhor graças e um milagre, sinal da presença e da intercessão do Pe. Caffarel por nós. Um milagre floresce sempre no meio de um povo que pede todas as graças.
Para terminar, uma canonização, cuja primeira etapa é a beatificação, é para o bem do povo cristão e da sociedade humana. Pensamos que a mensagem do Pe. Caffarel sobre o amor e a oração deve ser conhecida por todos. O Pe. Caffarel foi-nos dado por Deus; temos de o dar a conhecer aos casais e a todos os que procuram o Senhor. Não podemos guardar para nós tal tesouro. Falar do Pe. Henri Caffarel é evangelizar os homens e as mulheres que procuram a felicidade.
BOLETIM DE LIGAÇÃO N° 12 DOS AMIGOS DO PADRE CAFFAREL
Janeiro 2013
ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO PADRE CAFFAREL
49 RUE DE LA GLACIERE
F-75013 PARIS
www.henri-caffarel.org
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