terça-feira, 23 de agosto de 2016

“Não aos cristãos ‘morcegos’, que têm medo da alegria”, disse o Papa Francisco

Há cristãos que, paradoxalmente, têm medo da Ressurreição e da alegria que ela produz. E esta resistência parece um funeral. De qualquer maneira, o Deus Ressuscitado sempre está com eles. A afirmação foi feita pelo Papa Francisco durante a homilia matutina da missa na Capela da Casa Santa Marta, segundo indicou a Rádio Vaticano, depois de quase duas semanas de intervalo, devido às celebrações pascais.

Fonte: http://bit.ly/1nr4Bsn
A reportagem é de Domenico Agasso Jr e publicada no sítio Vatican Insider, 24-04-2014. A tradução é de André Langer.

O Evangelho do dia narra a aparição de Jesus Ressuscitado aos discípulos que, diante da sua saudação de paz, em vez de ficarem loucos de alegria, recordou o Pontífice, ficam “cheios de medo”, pois acreditam ter visto “um fantasma”. Cristo trata de fazê-los compreender que é real o que veem, uma realidade tangível: de fato, convida-os a tocarem seu corpo, pede comida e água. O Filho do Senhor deseja transmitir-lhes a “alegria da Ressurreição, a alegria da sua presença entre eles”. Mas eles, observou Bergoglio, “pela alegria não acreditaram, não podiam acreditar, porque tinham medo da alegria”.

“Esta é uma doença dos cristãos. Temos medo da alegria. É melhor pensar: ‘Sim, sim, Deus existe, mas está lá; Jesus ressuscitou, mas está lá’. Um pouco de distância. Temos medo da proximidade de Jesus, porque isso nos dá alegria. E assim se explicam os muitos cristãos de funeral, não? Aos quais parece que a vida é um funeral contínuo. Preferem a tristeza, e não a alegria. Movem-se melhor não na luz da alegria, mas nas sombras, como aqueles animais que só conseguem sair à noite, mas à luz do dia não veem nada. Como os morcegos. E com um pouco de senso de humor, podemos dizer que existem ‘cristãos morcegos’, que preferem as sombras à luz da presença do Senhor”.

Mas Cristo, “com a sua Ressurreição – prosseguiu o Papa – nos dá a alegria: a alegria de ser cristãos; a alegria de segui-lo de perto; a alegria de caminhar nas estradas das Bem-aventuranças; a alegria de estar com Ele”.

“E nós – explicou Bergoglio –, tantas vezes, ficamos perturbados ou repletos de medo, acreditamos ver um fantasma ou pensamos que Jesus é um modo de agir: ‘Mas nós somos cristãos e devemos fazer assim’. Mas onde está Jesus? ‘Não, Jesus está no Céu’. Você fala com Jesus? Você diz a Ele: ‘Eu acredito que o Senhor está vivo, que ressuscitou, que está perto de mim, que não me abandona’? A vida cristã deve ser isso – destacou –, um diálogo com Jesus, porque – isso é verdade – Jesus está sempre conosco, está sempre com os nossos problemas, com as nossas dificuldades, com as nossas boas obras”.

Quantas vezes – disse finalmente o Papa Francisco – os cristãos “não somos felizes porque temos medo!”. Cristãos que foram “derrotados” na Cruz.

“Na minha terra há um ditado que diz: ‘Quando alguém se queima com leite quente, depois, quando vê uma vaca leiteira, chora’. E estes se queimaram com o drama da cruz e disseram: ‘Não, vamos parar por aqui; Ele está no Céu; mas tudo bem, ressuscitou, mas que não venha outra vez aqui porque não aguentaremos’. 

Peçamos ao Senhor que faça com todos nós o que fez com os discípulos, que tinham medo da alegria: que abra a nossa mente e nos faça entender que Ele é uma realidade viva, que Ele tem corpo, que Ele está conosco e nos acompanha e que Ele venceu. Peçamos ao Senhor a graça de não ter medo da alegria.”

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