Mais uma vez encontramos Francisco incentivando a
colegialidade como um elemento central de seus esforços para as
reformas. Em sua exortação apostólica publicada no ano passado
intitulada “A Alegria do Evangelho”, Francisco escreveu: “Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da Igreja e a sua dinâmica missionária”.
"Muitos católicos irão encontrar esperanças no diálogo entre o bispo brasileiro Erwin Kräutler e o Papa Francisco, em que falaram sobre a ordenação de homens casados como uma possibilidade inteligente e positiva", afirma o editorial do jornal National Catholic Reporter, 21-04-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Eis o editorial.
Muitos católicos irão encontrar esperanças no diálogo entre o bispo brasileiro Erwin Kräutler e o Papa Francisco, em que falaram sobre a ordenação de homens casados como uma possibilidade inteligente e positiva.
Pela primeira vez a ideia de um sacerdócio católico romano de homens casados é um assunto que pode ser – e que está sendo – discutido dentro da Igreja. Pietro Parolin, que recentemente se tornou cardeal, foi claro sobre este tema em entrevistas aos meios de comunicação logo depois que o papa o nomeara secretário de Estado. O celibato “não é um dogma da Igreja e ele pode ser discutido por se tratar de uma tradição”, disse Parolin. Já como arcebispo na Argentina, o então cardeal Jorge Bergoglio se mostrava aberto a esta ideia, dizendo que o celibato para padres “é uma questão de disciplina, não de fé. Isso pode ser mudado”.
(Os comentários de Bergoglio vieram no diálogo publicado em forma de livro que o líder religioso teve com seu amigo o rabino Abraham Skorka, editado em 2010 sob o título “Sobre el Cielo y la Tierra” [Sobre o céu e a terra], e que se pode considerar estando baseado num pensamento bastante pragmático, a saber: o de que a quebra dos votos prejudica a todos os envolvidos, as pessoas e a Igreja. “A vida dupla não é boa para nós”, disse Bergoglio. “Não gosto disso, pois significa construir sobre a falsidade”.)
Isto é um bom sinal. Esperamos que esta possibilidade seja estendida não só para os diáconos casados e outros “viri probati” (os assim-chamados “homens provados”), mas também para os milhares de padres do rito latino que foram forçados a abandonar o ministério só por causa do voto de castidade. Devemos acolher de volta estes bons homens também.
Talvez mais importante do que a conversa do papa com Dom Erwin sobre o sacerdócio incluindo homens casados, no entanto, seja a forma como o arcebispo diz que Francisco usou para descrever o processo de mudança: Um bispo que conhece as necessidades de seu povo não deveria agir sozinho, disse o papa segundo Dom Erwin. Pelo contrário, as conferências “regionais e nacionais” deveriam buscar e encontrar um consenso sobre a reforma, e então trazer nossas sugestões para Roma”.
Mais uma vez encontramos Francisco incentivando a colegialidade como um elemento central de seus esforços para as reformas. Em sua exortação apostólica publicada no ano passado intitulada “A Alegria do Evangelho”, Francisco escreveu: “Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da Igreja e a sua dinâmica missionária”.
Francisco quer reverter a perda de empoderamento das conferências episcopais nacionais que começou com Papa João Paulo II e o então cardeal Joseph Ratzinger há 30 anos. Ao falar com Dom Erwin, sem dúvida Francisco está buscando aliados, porque dentro da Cúria Romana ele vem enfrentando resistência.
Juntamo-nos ao Papa Francisco para desafiar os bispos a abraçarem as ideias reformistas do papa: “Ser corajudos”, sejam corajosos. Ouçam as necessidades de seu povo e as levem para Roma.
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/530488-os-bispos-precisam-ser-corajosos-e-escutar-o-papa-francisco
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