quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Depressão e fé


Uma das doenças mais comuns nos nossos dias é a depressão, que é o tema deste artigo. Vamos tentar desmistificar alguns tabus até hoje presentes na mente e no coração de muitas pessoas. São eles:

1. Um homem de verdade ou uma mulher forte não ficam deprimidos, pelo menos, não por muito tempo.

A verdade: Depressão não é a manifestação de uma imperfeição de caráter ou de uma fraqueza humana. Aquele que está em luta contra esse distúrbio não é um indivíduo fraco ou emocionalmente frágil.

2. Uma fé sólida afasta a depressão.

A verdade: A crença de que religiosos não são “atacados” pela depressão – e de que devem desconfiar de sua fé caso o sejam – é tanto quanto cruel como o primeiro mito relatado acima. Admite-se que padres, religiosos e pessoas altamente crentes e religiosas possam sofrer de pressão alta, diabetes, esclerose, entre outras enfermidades, e não se percebe que a depressão é uma perturbação grave da saúde tanto quanto os outros males citados o são. E o é até mais, tendo em vista que ela não afeta só o físico, mas toda a fisiologia do paciente, ou seja, todo o funcionamento do corpo – tanto na parte biológica como na mental. Percebendo este aspecto da doença, podemos entender por que razão as pessoas depressivas sentem seu relacionamento com Deus enfraquecer-se.

Tenhamos em mente que:

1. A depressão não é simplesmente um “mau dia”, mas sim, uma grave doença mental;

2. A depressão não está associada com a intensidade da fé. Qualquer pessoa pode se tornar vítima de suas garras hostis.


Três fatores se entrelaçam e podem determinar o surgimento da depressão, são eles:

1. Genética: a história familiar de pacientes depressivos revela que seus parentes biológicos sofrem ou sofreram de depressão, havendo, portanto, uma predisposição ao desenvolvimento da doença.

2. Estresse: tão comum em nossos dias é uma força propulsora que – agrupada a outros fatores – pode desencadear a depressão. O estresse é potencializado por fatores tais como: baixa auto-estima, preocupações financeiras ou profissionais, problemas de relacionamento, conflitos psicológicos e mudanças de vida significativas.

3. Tristeza: quando sentimentos como tristeza, solidão, rancor, pesar por perdas são guardados, estes vão se avolumando de forma a se tornarem “tóxicos” à nossa alma e ao nosso corpo. É como um vulcão que guarda dentro de si, até mesmo por séculos, substâncias destrutivas; e quando menos se espera ocorre a erupção. No caso do ser humano, essas “substâncias” são as mágoas não resolvidas, as perdas não choradas e não reclamadas, que se avolumam e, de repente, (às vezes, não tão de repente assim), se transformam em doenças, como a depressão, por exemplo.

A depressão faz com que muitos desejos cessem, inclusive o de orar.

Os sentimentos de separação, isolamento e abandono, comuns na depressão, intensificam-se quando a pessoa sente que Deus está ausente. A alma sente tanto quanto a mente e o espírito. Embora a pessoa sinta um completo abandono, uma ausência de Deus, este se apresenta naquelas situações em que a pessoa se sente mais fraca, como canal de graça para o outro.


Como a depressão é uma doença, e grave, é necessário que seja tratada. O paciente precisa da ajuda de profissionais. Os médicos psiquiatras e os psicólogos são os mais indicados para tratá-la por serem especialistas no tratamento do aspecto fisiológico e psicológico das perturbações mentais. Justamente porque é preciso haver uma mudança de atitudes.

Encarar a vida assim pode ajudar os deprimidos a saírem desta condição:




- A prioridade número um de minha vida tem que ser minha recuperação;


- Neste momento, estou necessitado de ajuda;


- É necessário que eu me permita lamentar – de maneira plena e desinibida – as perdas que sofri durante a vida;


- É necessário que eu me permita ficar irado;


- É hora de parar de me castigar por falhas reais ou imaginárias;


- Sou mais do que aquilo que realizo, tenho meu próprio valor;


- Devo evitar que meu trabalho venha a se transformar em meu senhor;


- Reconheço minhas limitações. Posso ser instrumento e canal da graça e da cura de Deus, mas salvar pessoas é algo que pertence ao domínio exclusivo de Deus;


- Possuo controle sobre algumas áreas, não é possível controlar tudo e todos;


- Preciso de mais companhia e menos isolamento;


- Preciso parar de ser tão inflexível comigo mesmo.






Concluindo: deixemos de lado os paradigmas de que depressão só ataca pessoas fracas e sem fé. É obrigação nossa – como seres humanos e cristãos – estar sempre atentos com relação às nossas reações físicas, pois o corpo fala, nos dá sinais de como está a nossa saúde mental e espiritual. Por essa razão, fiquemos também atentos às pessoas que estão ao nosso redor e nos procuram, pois podem estar sofrendo caladas, esperando uma abertura de nossa parte, nem que seja uma pequena “fresta”, para falarem de seus sentimentos e suas dores.

Mara S. Martins Lourenço

e-mail: maralourenco@geracaophn.com   http://cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=6461

27/07/2007 - 08h00

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