Francisco: "Quero uma Igreja pobre e para os pobres"
Cidade do Vaticano (RV) – Milhares de jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas fizeram fila e passaram por um controle rigoroso para entrar na Sala Paulo VI e participar da primeira audiência com o Papa Francisco na Sala Paulo VI. Muitos levaram também suas famílias.
Papa Francisco foi ovacionado pelo público. Sentou-se em sua cadeira no centro do palco e ouviu a saudação do Presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, o Arcebispo Claudio Maria Celli.
Em seguida, leu um breve discurso, agradecendo todos pelo precioso serviço realizado nos dias passados, na cobertura do Conclave e em sua eleição.
“Vocês trabalharam!” – exclamou, recebendo um imediato aplauso. Disse ainda que a Igreja e a mídia estão juntas para comunicar a verdade, a bondade e a beleza: “Todos nós somos chamados a comunicar esta tríade, essencial”.
Papa Francisco quis explicar porque “o Bispo de Roma quis se chamar Francisco”. E contou, de modo informal, que a seu lado, no Conclave, estava sentado o arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Cláudio Hummes, “um grande amigo, grande amigo”.
“Quando a coisa ficou “mais perigosa” – prosseguiu – ele me confortava, e quando os votos chegaram a dois terços, momento em que há o aplauso habitual porque o Papa é eleito – ele me abraçou, me beijou e disse “não se esqueça dos pobres”.
“Aquela palavra entrou aqui – disse, indicando a cabeça – ‘os pobres, os pobres’. Aí, pensei em Francisco de Assis e depois, nas guerras. E Francisco é o homem da paz, o homem que ama e tutela a Criação... neste momento em que nosso relacionamento com o meio-ambiente não é tão bom, né?”.
Francisco é o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre... “Ah, como gostaria de uma Igreja pobre e pelos pobres!”.
Depois de saudar pessoalmente alguns jornalistas, o Papa Francisco concluiu, em espanhol:
“Disse que lhes daria a minha benção de coração. Muitos de vocês não pertencem à Igreja Católica, outros não crêem. Concedo minha benção, de coração, no silêncio, a cada um de vocês, respeitando a consciência de todos, mas sabendo que cada um de vocês é filho de Deus. Que Deus os abençoe”.
(CM)
Cardeal Hummes: "Papa é jesuíta de coração franciscano". O porquê do nome Francisco
Cidade do Vaticano (RV) - Único cardeal brasileiro presente no Conclave a não ter ainda se encontrado com a imprensa depois da aleição de Papa Francisco, Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo recebeu em exclusiva a Rádio Vaticano na Residência da Cúria dos Franciscanos, em Roma.
Entusiasmado, Dom Cláudio começa essa conversa ressaltando os gestos de simplicidade evangélica do novo Papa e falando de sua alegria por ter estado ao lado do Pontífice, logo após a sua eleição.
“Eu estava muito feliz em primeiro lugar porque tínhamos o novo Papa, mas também por uma coisa extraordinária: é um Papa da América latina, um argentino, nosso vizinho. Tudo isso era algo de forte, significativo, que indicava tempos novos para a Igreja, que tanto precisa neste momento. Tempos novos. Nós todos estávamos muito felizes e eu de modo particular, com a eleição do Cardeal Bergoglio, agora nosso querido Papa Francisco. Estávamos muito felizes porque ele tinha acabado de dizer que ia se chamar Francisco. Francisco é um nome que diz uma imensidade: programa de vida, programa de Igreja; é um programa para um Papa, um programa maravilhoso porque é evangélico. Isto tudo dava uma alegria muito grande. Também para mim foi uma alegria enorme estar ao lado dele. Ele me convidou, me disse ‘venha, esteja comigo, ao meu lado este momento’ e eu fui, junto com o Cardeal Vallini, que é o Vigário. Este foi um gesto espontâneo dele que eu não posso explicar porque foi ele que espontaneamente me convidou. Eu era apenas ‘um menino feliz’”.
“Nós nos conhecemos muito, mas não nos frequentamos muito porque ele está em Buenos Aires e eu em São Paulo. Nos encontramos no outro Conclave, quando participamos juntos. Nos conhecemos de muitos Sínodos e outros momentos em que nos encontramos aqui em Roma. E depois, em Aparecida, quando convivemos 20 dias e éramos da Comissão da redação, a principal, de onde saiu o texto definitivo. Ele era Presidente e eu membro. Nós trabalhamos juntos naqueles dias. A gente se conhece muito bem. Um jesuíta com coração franciscano como ele é uma surpresa muito grande”.
“Sempre digo: de onde nasceu este jesuíta franciscano? Nasceu de Buenos Aires, de sua experiência de vida lá, um Arcebispo que foi para o meio do povo, na periferia, dos pobres, defendendo-os, estando de toda forma ao lado deles. Ali é que nasceu Francisco que temos hoje como Papa”.
A respeito do envolvimento do Papa Francisco com a ditadura militar, o que dizer?
“Posso dizer que ele não tem absolutamente nada a ver com tudo isso. Nada. Ele é um homem absolutamente do povo, do povo simples, que defende o povo com um pastor defende as suas ovelhas, que ama profundamente. Isso ele sempre fez e sempre foi assim. Todo o resto são ilações em que se busca de toda forma alguma coisa com que ‘diminuir’ uma pessoa, mas ele não tem absolutamente nada a ver com isso”.
FONTE: RADIO VATICANO
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