Há alguns meses, 
alguém perguntou a uma moça de Dourados: «Por que você só vive de 
baladas e bebedeiras em todos os finais de semana?». A resposta foi tão 
rápida quanto provocadora: “Porque, até hoje, ninguém me ofereceu algo 
melhor!” 
No dia 29 de abril, na cidade de Naviraí, uma adolescente de 16 anos 
se enforcou porque seu pai não lhe permitiu participar de uma festa. Na 
semana seguinte, os meios de comunicação informaram que o suicídio foi a
 principal causa de morte entre os jovens sul-coreanos em 2010, pelo 
terceiro ano consecutivo. Dos jovens que participaram da pesquisa, 8,8% 
confessou já ter pensado em dar fim à própria vida.
 
Diante destes fatos e de mil outros que todos os dias, falam de 
jovens que acabam vítimas ou autores de uma violência cada vez mais 
generalizada, perpetrada no trânsito, na escola, no trabalho, no 
esporte, nas festas e até em seus próprios lares – quando os têm! –, é 
inevitável perguntar-se: com quem estarão eles conectados? 
Para a jovem de Dourados, até hoje ninguém conseguiu lhe oferecer 
algo mais atraente do que a bebida e as festas. É uma resposta que 
entristece e questiona a sociedade, a começar dos pais, educadores e 
Igrejas. Se viver é escolher e escolher é renunciar, ninguém consegue 
renunciar a nada se não recebe, em troca, algo melhor e superior (...) 
 Por isso, enquanto não se conseguir acolher e cativar os jovens com 
um “produto” que corresponda às suas necessidades mais profundas, eles 
continuarão buscando no mundo o que este não lhes pode oferecer. É o que
 reconhecia Santo Agostinho, depois de ter caído, ele também, nos mesmos
 enganos e armadilhas: «O nosso coração foi feito para Deus, e ele anda 
inquieto e angustiado até não descansar em Deus». E é também o que 
lembra o Papa Bento XVI, numa mensagem dirigida recentemente aos jovens:
 «Não esqueçamos: construir a vida ignorando a Deus e a sua vontade só 
pode levar à desilusão, à tristeza, à derrota. A experiência do pecado –
 recusando sua amizade e abandonando seu caminho –, obscurece os nossos 
corações». 
Quanto ao recrudescimento do suicídio entre os jovens, a razão parece
 ser sempre a mesma. Para o mundo, o que conta é “vencer”. Quem pode 
mais, chora menos! Se, para Jesus, «o Espírito é que dá a vida, a carne 
para nada serve» (Jo 6,63), para a sociedade atual o contrário é que 
vale: a única “vitória” é a fama, a riqueza, o prazer. A pureza e a 
gratuidade dos relacionamentos são substituídas pela competição e pela 
rivalidade. Destruir para não ser destruído. Os outros existem enquanto 
são úteis... (...) 
 A solução é manter-se conectados com Cristo: «Quem permanece em mim, 
produz muito fruto. Sem mim, nada podereis fazer. Permanecei no meu 
amor, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja 
completa» (Jo 15,5.9.11). Palavras que foram assim traduzidas pelo Papa 
Bento XVI na mensagem há pouco citada: «Cabe a vocês, jovens discípulos 
de Cristo, mostrar ao mundo que a fé leva a uma felicidade e a uma 
alegria verdadeira, plena e duradoura. E se o modo de viver dos cristãos
 parece, às vezes, cansativo e chato, sejam vocês os primeiros a 
testemunhar a alegria e a felicidade que a fé lhes oferece. O Evangelho é
 a “boa nova” que Deus nos ama e que cada um de nós é importante para 
ele. Eis o que vocês precisam demonstrar ao mundo!». 
«No peito, eu levo uma cruz e, no coração, a Mãe de Jesus!». É o 
brado de alegria e de esperança dos jovens da Diocese de Dourados 
preparando-se para participar, em 2013, da Jornada Mundial da Juventude,
 no Rio de Janeiro. 
 
 
Dom Redovino Rizzardo, cs - Bispo da Diocese de Dourados - Mato Grosso do Sul. 
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