Segunda, 30 de setembro de 2013
“A catequese é um pilar para a educação da fé e necessitamos de
bons catequistas”; por isso, precisamos voltar a partir de Cristo, que
significa “não ter medo de ir com Ele às periferias”, disse o Papa Francisco durante a audiência com os participantes do Congresso Internacional sobre a Catequese (que terminou neste domingo), promovido no contexto do Ano da Fé.
Do encontro, que trata sobre o tema “O catequista, testemunha da fé”,
participaram 1.600 pessoas, entre catequistas, agentes de pastoral,
professores e especialistas de diferentes realidades.
Fonte: http://bit.ly/14VJjJo |
A reportagem é de Domenico Agasso Jr. e publicada no sítio Vatican Insider, 27-09-2013. A tradução é de André Langer.
O Pontífice agradeceu pelo serviço dos catequistas “à Igreja e na
Igreja. Embora às vezes possa ser difícil, trabalhar tanto,
comprometer-se e não ver os resultados esperados, é bonito educar na fé!
Ajudar as crianças, os adolescentes, os jovens e os adultos a conhecer e
amar cada vez mais o Senhor é uma das aventuras educativas mais
bonitas”. Francisco indicou, na sequência, que é necessário “ser catequista”. “A Igreja – explicou Bergoglio citando Bento XVI
– não cresce por proselitismo, mas pelos testemunhos”. Ser catequista
não é um trabalho: “Atenção, eu não disse ‘estar’ catequista, mas ‘ser’
catequista, porque envolve a vida toda. Guia para o encontro com Jesus
com as palavras e com a vida, com o testemunho. E ‘ser’ catequista exige
amor, amor cada vez mais forte por Cristo, amor por seu povo santo”. E
este amor, “necessariamente, parte de Cristo”.
O Papa refletiu sobre o conceito de “partir de Cristo”: “O que
significa isto para um catequista, para vocês e também para mim, porque
eu também sou catequista?”. Pelo menos três coisas.
Quer dizer, sobretudo, “ter familiaridade com Ele. Jesus recomenda
insistentemente aos discípulos na Última Ceia, quando se prepara para
viver o dom mais sublime do amor, o sacrifício na Cruz”. O Filho de Deus
usa a imagem da videira e dos ramos “e disse: permaneçam em meu amor,
permaneçam unidos a mim, como os ramos estão unidos à videira. Se todos
estamos unidos a Ele podemos dar fruto e esta é a familiaridade com
Cristo”. Assim, pois, o que um discípulo deve fazer acima de tudo é
“estar com o Mestre, escutá-lo, aprender d’Ele. E isso vale sempre, é um
caminho que dura toda a vida!”. O Papa que está reformando a Igreja
através da “normalidade” contou uma das suas experiências cotidianas,
“normal”: “Para mim, por exemplo, é muito importante permanecer diante
do Tabernáculo; é estar na presença do Senhor, deixar-se guiar por Ele. E
isto aquece o coração, mantém aceso o fogo da amizade, te faz sentir
verdadeiramente o seu olhar, que está perto de ti e que te quer”. O
Pontífice compreende que “para vocês não é tão simples: especialmente
para os que estão casados e têm filhos, é difícil encontrar um momento
de calma. Mas, graças a Deus, não é necessário que todos façamos a mesma
coisa; na Igreja existe uma variedade de vocações e uma variedade de
formas espirituais; o importante é encontrar a maneira adequada para estar com o Senhor; e isto se pode, é possível em qualquer estado de vida”.
Em seguida, Francisco indicou qual é o segundo
elemento: partir de Cristo “significa imitá-lo no sair de si mesmo e ir
ao encontro do outro. Esta é uma experiência bonita, um pouco paradoxal.
Porque os que colocam Cristo no centro da própria vida perdem o centro.
Quanto mais te unes a Jesus, quanto mais Ele se torna o centro da tua
vida, mais te faz sair de ti mesmo, te ‘descentra’ e te abre aos
outros”. O Papa continua: “o verdadeiro dinamismo do amor, este é o
movimento de Deus mesmo! Deus é o centro, mas é sempre dom de si,
relação, vida que se comunica... Assim, nos tornamos também nós se
permanecemos unidos a Cristo, Ele nos faz entrar neste dinamismo do
amor. Onde há verdadeira vida em Cristo, há abertura para o outro, há
saída de si para ir ao encontro do outro em nome de Cristo”.
Por último, partir de Cristo “significa não ter medo de ir com Ele às periferias”. Uma das palavras chaves do Pontificado de Bergoglio: as periferias, não apenas geográficas, mas também existenciais. E a este respeito, o Papa sugeriu “a história de Jonas,
uma figura verdadeiramente interessante, especialmente em nossa época
de mudanças e de incertezas. Jonas é um homem piedoso, com uma vida
tranquila e ordenada; isto o leva a ter seus esquemas sempre muito
claros e a julgar tudo com estes esquemas, rigidamente”. E assim, quando
“o Senhor o chama e lhe diz para que vá pregar em Nínive, a grande cidade pagã, Jonas prefere não fazê-lo. Nínive
ultrapassa seus esquemas, está na periferia do mundo. E então foge,
embarca num navio que vai longe”. O Pontífice recomendou reler o “Livro
de Jonas. É uma parábola muito instrutiva, especialmente para nós, que
estamos na Igreja. Ensina-nos a não ter medo de sair de nossos esquemas
para seguir a Deus, porque Deus sempre nos ultrapassa, Deus não tem medo
das periferias”. “Deus é sempre fiel – prosseguiu – é criativo, não é
fechado, e por isto nunca é rígido, nos acolhe, vem ao nosso encontro,
nos compreende”. Mas, para sermos fiéis, “para sermos criativos, devemos
saber mudar. Para permanecer com Deus devemos saber sair, não ter medo
de sair”.
E depois fez uma tríplice advertência: “Se um catequista se deixa
possuir pelo medo, é um covarde; se um catequista se acomoda, acaba como
estátua de museu; se um catequista é rígido, torna-se estéril”. É
preciso mudar, para adequar-se às circunstâncias nas quais se deve
anunciar o Evangelho, disso o Papa: às vezes, na comunidade da Igreja,
“é como estar em um quarto fechado, e aos poucos ficamos doentes; claro,
se vamos para a rua podemos sofrer acidentes, mas eu digo que prefiro mil vezes uma Igreja acidentada a uma Igreja doente”.
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