Ficha 52: Comunidade de Comunidades: uma nova paróquia (I)
Perspectiva Bíblica
O texto de Estudos da CNBB, nº 104,
“Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróquia”, apresentado em quatro
capítulos, tem a finalidade de promover a reflexão sobre a renovação das
paróquias, diante das mudanças que estamos vivendo, para que elas se
tornem uma Igreja em permanente estado de Missão. Espera-se, por meio
dele, que as dioceses apresentem sugestões complementares,que
posteriormente serão avaliadas pelos bispos e encaminhadas para a
votação final na Assembleia da CNBB, em 2014, quando então deverá se
transformar em um documento norteador para as paróquias.
Nesta 52ª Ficha será desenvolvido o Capítulo 1: Perspectiva Bíblica,
que destaca a importância da Palavra de Deus na vida da comunidade e na
vida do discípulo missionário. A Constituição Dogmática Constituição Dogmática Dei Verbum e a Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini
ressaltam que a Palavra de Deus ilumina, na comunidade, a realidade que
o discípulo é chamado a transformar, para que a paróquia seja de fato
presença viva de Jesus Cristo em meio às pessoas, às famílias e à
sociedade. Eis alguns elementos bíblicos que iluminam os desafios de
transformar a paróquia em verdadeira escola de comunhão, em “comunidade
de comunidades”:
1- Recuperar a comunidade. Segundo
o texto, não é de hoje que a tendência ao isolamento atinge as pessoas,
as famílias e a comunidade, que muitas vezes se fecham à realidade e
aos apelos para uma vida em sociedade. No seu tempo, Jesus ensinou que a
comunidade deveria ser exemplo da bondade, do amor e da misericórdia,
como expressão da grande família dos filhos de Deus, principalmente às
pequenas famílias e às pessoas sozinhas e indefesas. Para Jesus, a
comunidade é um dos muitos sinais do Reino de Deus em meio a uma
sociedade egoísta e fechada. Ainda hoje, em tempos de forte apelo ao
individualismo, ao hedonismo e ao materialismo, onde as pessoas vivem no
anonimato, a paróquia é chamada a recuperar seu sentido de comunidade,
como lugar de acolhida a todos os que a procuram, incentivando o
diálogo, o contato humano e à fraternidade.
2- A nova experiência de Deus: o Abbá.
Jesus testemunhava uma grande intimidade com o Pai (Jo 14,9) pela
oração, nas reuniões na sinagoga, pelo seu jeito de ser e de viver, de
acolher as pessoas e de revelar o seu amor. Era o retrato vivo de Deus, o
portador da Boa Nova para todos os seres humanos, sobretudo para os
pobres, e é esta experiência que a paróquia deve propiciar ao povo.
3- A missão do Messias, como
servo de Deus, “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a
vida em resgate de muitos” (Mc 10,45). Jesus revela-se como o Messias
que realiza as esperanças dos pobres, fazendo justiça aos oprimidos,
dando pão aos famintos, libertando os prisioneiros, abrindo os olhos dos
cegos, endireitando os curvados, acolhendo os justos e os pecadores,
protegendo os estrangeiros, sustentando o órfão e a viúva, e
permanecendo fiel à missão de servo. Da mesma forma a comunidade
paroquial deve ser servidora do povo. Esta é a sua vocação!
4- A novidade do Reino. Da
relação entre Cristo e os seus discípulos surge uma nova proposta de
vida, que precisa ser acolhida pela humanidade. No relacionamento entre
homem e mulher, o máximo de igualdade (Mt 19,7-12); entre os discípulos,
o máximo de partilha (Mc 10,28); com os pequenos e excluídos, o máximo
de acolhida (Mc 9,41-50); com os bens materiais, o máximo de abnegação
(Mc 10,17); com relação ao poder, o exercício do serviço (Lc 22,25-26);
com relação ao perdão, a comunidade situa-se como o lugar de perdão e de
reconciliação e não de mútua condenação. Eis a prática social que se
espera de cada discípulo e da comunidade inteira.
5- Um novo estilo de vida comunitária.
O Reino implica em uma nova maneira de viver e de conviver, por isso,
Jesus deu quatro recomendações para a vida comunitária:hospitalidade (Lc 9,4; 10,5-6), partilha (Lc
10,7), comunhão (Lc 10,8) e acolhida (Mt 10,8). Atendidas estas
recomendações, pode-se proclamar que “O Reino Chegou!” (Mc 6,7,13).
Estes são os sinais que indicam o quanto a comunidade paroquial é sinal
do Reino.
6- O novo modo de ser pastor. Jesus
vai ao encontro das pessoas onde elas estãoe propõe um caminho de vida
(Mt 11,28); não exclui ninguém; supera as barreiras de sexo, religião,
etnia e de classe; não se fecha dentro de sua própria cultura; reconhece
as coisas boas que existem em todas as pessoas, por isso, se apresenta
como o Bom Pastor (Jo 10,11). Ele é o modelo de pastoral para toda
paróquia e comunidade: acolhe, ensina, cuida, guia, promove a comunhão
na fé, na esperança e no amor, e se aproxima também dos irmãos de outras
tradições.
7- O ensinamento novo. Jesus
ensinava de forma simples e direta, com palavras voltadas ao cotidiano
das pessoas, fazendo-as participarem da descoberta da verdade. Sua vida
era o testemunho do que ensinava, por isso, o povo percebeu ‘um
ensinamento novo, e com autoridade’ (Mc 1,27). O testemunho deve ser a
primeira ação da Evangelização nas paróquias.
8- A nova Páscoa. Na Páscoa de
Jesus, a morte foi vencida. A nova comunidade, reunida pelo
Ressuscitado, é a expressão e o anúncio de uma nova e eterna aliança
selada na nova Páscoa. Ela promove o perdão dos pecados para reconciliar
o mundo com Cristo e expandir a mensagem da Boa Nova a toda humanidade.
“Todo aquele que nele crer não morrerá, mas terá a vida eterna” (Jo 10,
3,36). Toda paróquia deve ser geradora de vida humana, vida de fé e
esperança.
9- Pentecostes: o novo Povo de Deus. O
poder do Espírito Santo, recebido no dia de Pentecostes (At 2), que
realiza nos corações a condição para que alguém se torne seguidor de
Jesus Cristo, concede diversos carismas que acompanham o verdadeiro
anúncio evangélico, e guia as decisões da Igreja para ser uma comunidade
evangelizadora. Na paróquia todos são responsáveis: padres e leigos têm
a mesma importância; sobretudo quando aceita a colaboração de cada um,
de modo a dar oportunidade para todos.
10- A nova comunidade cristã. A
inspiração para toda comunidade cristã parte de quatro colunas básicas:
a) Perseverança em ouvir o ensinamento dos apóstolos (1Ts 2,13); b) A
Comunhão fraterna (Gl 3,28; Cl 3,11; 1Cor 12,13), c) A fração do pão
(Eucaristia) (Lc 24,30-35); d) As orações (At 5,12b). São esses
gestos que tornam a comunidade cada vez mais apaixonada pelo Deus de
Jesus Cristo e pela sua proposta de vida.
11- A missão. Os discípulos de
Jesus são reconhecidos por viverem em comunhão (Jo 13,34), tornando-se
testemunhas pascais que recebem o mandato missionário para realizar
pregações, curas e formar comunidades. A mística desta comunhão deve ser
o grande ideal de uma paróquia.
12- A nova esperança: a comunidade eterna. A
esperança no Reino de Deus, anunciado por Cristo, desperta nos cristãos
o compromisso de trabalhar por um mundo melhor e esperar a plena
realização dos novos céus e da nova terra (2Pd 3,13), onde Deus será
tudo em todos. Cada comunidade cristã deve ser testemunha e anunciadora
desta realidade futura, atualizando, através dos séculos, a mensagem de
esperança de Cristo. Eis o agir em comunidade!
Para criar a convicção e uma cultura de
Comunidade de Comunidades é preciso que surja uma nova forma da
paróquia ser e de se organizar. Ela deve expressar a comunhão de
pequenos grupos e comunidades que buscam a fidelidade ao projeto de
Jesus através da atualidade da Palavra de Deus e da adesão ao Reino, ao
mundo novo, ao novo estado de coisas, à nova maneira de ser, de viver,
de estar junto com os outros, que o Evangelho inaugura. Para esta
renovação, a Igreja precisa cuidar do amadurecimento da fé de seus
membros, principalmente através da formação bíblica, que deve ser
permanente. É a formação que fortalece a fé e a vida comunitária, para
que ela seja sinal e instrumento do Reino, afinal, evangelizar é também
uma tarefa comunitária.
Gravura: ‘A Ceia’ de Ir. Adélia Carvalho (confira a explicação do quadro pela artista)
Faça o download do texto em PDF
Para Refletir:
1) Qual a importância da Palavra de Deus na vida do Discípulos Missionário e na Missão?
2) Você considera que a formação cristã oferecida pela Paróquia/Comunidade deve ser mantida como está? Por quê?
3) O que se pode propor como novidade ou
aprimoramento para transformar a paróquia numa verdadeira escola de
comunhão: Comunidade de Comunidades?
Orientações para a Interação:a) Você poderá discutir este texto, presencialmente, com seus amigos na comunidade.
b) Você poderá enviar sua opinião usando a caixa de comentários logo abaixo deste texto.
c) Por fim, você poderá interagir na sala de aula virtual “Ambiente Virtual de Formação” da Arquidiocese.
Aguarde a publicação da próxima ficha: 13 novembro – Estudo 104 – CNBB – “Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróquia” (II) – Perspectiva Teológica
Colabore com Equipe do AVF na produção e edição das Fichas. Saiba como acessando este link ou escrevendo para avf@arquidiocesecampinas.com
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