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Quinta-feira da Semana Santa
João, 13, 1-15: Então ele despejou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos
Jean Vanier chama o ritual de lavar os pés de sacramento perdido. Parece muito simbólico e foi assim que passou a ser realizado pelo Papa ou pelo pároco com um grupo seleto no altar maior. Aqui na ilha de Bere, nós o fazemos um pouco diferente, como Jean nos ensinou anos atrás. Todas as pessoas que estão na igreja da ilha, sejam ilhéus ou participantes do retiro, são convidadas a formar pequenos círculos e lavar os pés umas das outras. Cada um que tem seus pés lavados e enxutos por alguém reza pela pessoa que acaba de realizar este ato gentil e íntimo.
Muita gente na igreja, como Peter, não quer que lavem seus pés de jeito nenhum. Provavelmente, para eles é constrangedor e também uma forma desnecessária de prolongar a cerimônia. Jamais consigo convencê-los do contrário, mas todo ano tenho esperança de conseguir.
Há os que lavam, os que são lavados e há aqueles que não lavam nem são lavados e apenas assistem. Vivemos numa cultura de observadores. Acostumamo-nos a assistir programas sobre a natureza na TV e a ficarmos encantados com as maravilhas do mundo na segurança da nossa poltrona. Podemo pausar a qualquer momento para fazer um chá. Voltamos e pressionamos “play” para o mundo continuar dando seu show para nós. Parecemos velhos imperadores sendo entretidos. Observadores e consumidores, mas não exploradores, não pessoas que molham os pés andando em terrenos pantanosos.
Hoje damos início a três dias que culminam com o evento por cuja luz somos banhados, mas que não compreendemos. E que jamais sequer veremos, a menos que nos tornemos participantes.
Estes dias só serão transformadores se andentrarmos neles pela porta da fé. Não estou dizendo que vocês tenham de acreditar em tudo o que é dito sobre eles. Atualmente, acreditar acontece depois. Fé se refere a abertura, reverência, a estar presente e permanecer. A uma certa altura, a transcendência se manifesta e tudo faz sentido. Então, acreditar se torna relevante.
Mas não podemos estar presentes de verdade se nos limitamos a ser meros observadores, consumidores, parte da audiência. Não conseguimos tocar a realidade se não nos deixarmos tocar por ela, ser lavados por ela. A participação é o que transforma a escuridão em luz e abre os portais da graça.
Como um amigo Sufi diz: “quando o sol raiou, onde permaneceu a noite? quando a totalidade da graça chegou, onde permaneceu a aflição?”
Com amor
Laurence |
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