quinta-feira, 7 de julho de 2016

O Padre Caffarel e a Oração! Onde falta a oração, tudo morre; onde há oração, tudo renasce, tudo amadurece.

 “Sem dúvida o Padre Caffarel não é o único padre a ter fundado seu apostolado em uma vida sólida de oração. Mas raros são aqueles que, como ele, tanto trabalharam para compartilhar esse tesouro de suas vidas. Não somente ele falava a respeito, mas ele permitiu a uma multidão a possibilidade de basear sua vida cristã sobre a rocha da oração interior. ” 

Foi com estas palavras que o Padre Armand Gautier1 abriu sua palestra sobre o Padre Caffarel, no Colóquio promovido em Paris em dezembro de 2010 pela Associação dos Amigos do Padre Caffarel. Nas Equipes de Nossa Senhora, temos a oportunidade de vivenciar este aspecto das orientações de nosso fundador. No dia 5 de maio de 1970, ao introduzir o PCE (naquele tempo, “a obrigação”) da meditação diária, ele diz: “Para encontrar a Deus é preciso, sem dúvida, primeiramente ouvi-lo; mas é preciso também responde-lhe, abrindo e abandonando à sua Palavra as profundezes de nosso ser. Esta escuta e esta resposta exigem esta forma de oração chamada “oração mental”. Onde falta a oração, tudo morre; onde há oração, tudo renasce, tudo amadurece.

É preciso reconhece-lo, se na reunião de equipe a oração tem o lugar de honra, não ocorre o mesmo na vida pessoal da maioria dos membros do Movimento. Longe disso! Ora, em vão pretenderemos tornar-nos O Padre Caffarel e a Oração testemunhas do Deus vivo, se não estivermos decididos a nos tornar homens e mulheres de oração.”

 E acrescenta: “Só se pode dar testemunho do que se conhece. Só as pessoas que oram – quer sejam sábios ou sem muita cultura – não decepcionam quando falam de Deus. E só quem ora pode exclamar um dia, como Jó, dirigindo-se a Deus: ‘Até agora, só te conhecia por ouvir dizer; agora meus olhos te viram’“ (Jó 42, 5).3 Para definir melhor a oração, Caffarel diz: “Orar é expor sua pobreza aos olhos de Deus” (Cadernos sobre a Oração – CO 15). 

Mas o que são, na visão do Padre Caffarel, um rico e um pobre? “Um rico é um senhor que pode, que tem e que é. O pobre é aquele que humildemente procura Deus, recorre a ele, o teme e o serve”. O pobre é uma pessoa que tem uma necessidade vital de Deus para ama- -Lo. “Encontrar Deus é procurá-lo sem cessar.” Significa ser, diz o padre, “um verdadeiro mendigo de ágape.4 Sustentado por uma fé e uma esperança indefectíveis, você estará suplicando o Pai de lhe dar o ágape. “ (CO 74). 

Na verdade, temos de pedir a Deus o amor com o qual o amaremos: “Um santo é sempre um mendigo na porta de Deus. [...] Ele fica pedindo a Deus os bens espirituais de que mais carece: a inteligência e o amor da Cruz, o crescimento das virtudes teologais da fé, da esperança e do amor, a humildade e o arrependimento.” (CO 49 e 29) A paciência também faz parte deste espírito de pobreza. É preciso aceitar o tempo de Deus que muitas vezes não é o nosso. Segundo o Padre Caffarel, essa paciência é a medida do amor e ele cita um poeta lituano: “Uma passada igual e segura, assim é a velocidade do amor”. 

 A oração do pobre é, finalmente, a oração do pecador, daquele que não traz nas mãos boas ações que sejam capazes de salvá-lo de seu mal. Ao contrário do fariseu do templo, que se santifica a si mesmo por meio de seus esforços e de suas façanhas morais (Lc 18, 9-14). Aí está o grande mal: a autojustificação, diz o Padre Caffarel. É por isso que o publicano, que se reconhece pecador, sai do templo purificado e o outro não. 

Ao comentar uma outra parábola, a do “filho pródigo” (Lc 15), ele conclui: “Ao se aproximar, o filho está impuro, é o perdão que o purifica e transforma”. E mais: “O amor com o qual Deus nos ama não é fundado na nossa virtude, mas jorra, espontaneamente, de seu coração”. Logo: “O pecado reconhecido, confessado, rejeitado não é mais o pecado, mas somente a ‘miséria’ apelando para a mansa misericórdia do Pai. Em um filho de Deus, não é o fundo de seu ser que é contaminado pelo pecado, mas somente aquelas regiões escuras nele que ainda não foram evangelizadas.

Não esqueçam nunca que o fundo do ser de um cristão, desde seu batismo, é uma zona luminosa, radiosa, infinitamente pura, graças à presença da Trindade santa nele”. (CO 54) Pode parecer uma contradição, mas um coração de pobre é um coração disponível para ser ofertado. Como ele não possui nada, ele pode ser inteiramente o que ele é e isso torna possível sua oferenda de si mesmo. 

Ora, segundo a fórmula de Padre Caffarel “fazer a oração interior é, antes de tudo, oferecer-se a Deus. Essa oferenda de si deve tornar-se uma disposição fundamental e permanente de nosso ser, pois “doar-se significa não cessar de se doar, permanecer à disposição, em um ato de dom de si”: “Só a oração interior encaminha para o dom permanente de si mesmo a Deus, só ela renova e atualiza a força desse dom”. 

Por quê? Porque a oração é comunhão na oferenda eterna do Filho ao Pai. Assim, essa oração é uma ação de graças, celebração do ágape, prolongamento do ato eucarístico vivenciado na liturgia. Será que nossas orações têm esse caráter de doação, de oferenda a Deus? Será que elas nos dão a “alegria do Evangelho”? Será que nas nossas orações aceitamos ser o “filho pródigo” que volta pobre para se oferecer ao pai e mendigar seu amor? Ou será, como diz Padre Caffarel, que a oração só tem o lugar de honra nas reuniões da equipe?

 Hélène e Peter Eq.05A - N. S. da Santa Cruz São Paulo-SP Monique e Gérard Eq.01A - N .S. do Sim São Paulo-SP M. Regina e Carlos Eduardo Eq.01A - N. S. do Rosário Piracicaba-SP Cidinha e Igar Eq.01B - N. S. Aparecida Jundiaí-SP

extraído da carta mensal  CM 499

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