Posted: 26 Sep 2017 02:04 AM PDT
Cuidado com o que você pede; você pode receber
Em 2014, Matthew Wenke e sua esposa viram sua filha Nora entrar em um convento para seguir a vocação como religiosa.
À
medida que as portas se fechavam atrás da jovem, a família sabia que,
se ela perseverasse, Nora nunca mais daria o ar da graça na casa deles.
Isso porque, além de fazer os votos habituais – pobreza, castidade e
obediência – as freiras passionistas fazem um quarto voto: o de
clausura.
Wenke,
embora estivesse orgulhoso de sua filha e feliz pela alegria dela,
precisava de um tempo para processar tudo o que estava acontecendo,
porque, como ele escreveu: “Quando rezei pelas vocações, não quis dizer
que Deus poderia tirar minha filha de mim”.
Aí é que mora o perigo: “Tome cuidado com o que você pede; você pode ser atendido”.
Frequentemente
começamos as nossas orações, dizendo a primeira oração “perigosa”, que
é: “seja feita a vossa vontade”. Mas queremos alcançar a graça que
buscamos sem ter que encontrar a Cruz.
Eu
sei que faço isso o tempo todo e digo: “querido Deus, me ensine a ser
uma pessoa melhor. Seja feita a sua vontade, mas não faça isso de
maneira louca, que envolva algo trágico, ok? Não consigo lidar com
isso”.
Muitas
vezes, minhas orações seguem o estilo de Flannery O ‘Connor: “senhor,
nunca serei um santo, mas eu posso ser um mártir se eles me matarem
rapidamente”.
Queremos
todas as bênçãos e, de preferência, com o menor sofrimento possível!
Nós sempre pensamos: “por favor, não destrua a minha vida!”
Na
verdade, essa é a segunda “oração perigosa”. Em uma recente entrevista
para a Aleteia, uma jovem religiosa dominicana revelou que um orador, em
uma conferência de jovens católicos, tinha desafiado os participantes a
fazer a seguinte oração: “Ó Deus, arruíne a minha vida!” Ela topou o
desafio. Mas, depois de fazer aquela oração audaciosa e perigosa, todo o
seu mundo e suas perspectivas mudaram.
A
terceira oração perigosa, porém, é aquela que o Pe. Brad Milunski,
trouxe em sua homilia durante a Primeira Profissão da Ir. Frances Marie,
do Coração Eucarístico de Jesus. Sim, essa é a filha de Matt Wenke, que
está caminhando em sua clausura.
Na homilia, o Pe. Milunski admite que esta é uma oração corajosa: “Senhor, faça-me seu”:
“Quando
eu estava começando o meu ministério paroquial, tive a sorte de estar
perto de um convento de freiras em Nova Jersey. A madre superiora
tornou-se minha diretora espiritual e compartilhou comigo um dia que,
desde o início, sua única oração a Deus era simplesmente isso: ‘Faça-me
sua’.
Devo
confessar que voltei para o convento um pouco assustado com essa
oração. Eu também estava um tanto aborrecido comigo mesmo por não
conseguir fazer essa prece sem oferecer a Deus minha lista de notas de
rodapé. Eu dizia: ‘Faça-me seu, mas aqui estão minhas sugestões, Senhor,
sobre como você pode fazer isso’. Talvez seja uma coisa de moleque, mas
eu desconfio que não”.
A homilia é realmente muito boa e merece uma leitura completa e atenta.
Eu
mal tenho a coragem de dizer “Sua vontade, não a minha”, embora eu
saiba que eu tenho o controle de poucas coisas e acredite – com todo o
meu coração, porque eu sou verdadeira filha de São Filipe Neri – que
“todos os propósitos de Deus são para o bem; embora nem sempre possamos
entender isso, podemos confiar nisso”.
Eu
acredito nisso porque eu vi, na minha vida, como as coisas que eram
trágicas e sem sentido acabaram por servir um plano muito maior do que
qualquer coisa que eu pudesse ter sonhado.
Tomemos
os exemplos de São Paulo e Santa Teresa de Calcutá. Eles, em algum
momento, fizeram suas perigosas orações a Deus, dizendo: “Use-me”. E
acabaram sendo usados.
Então, sigamos estes exemplos, mas somente se não tivermos medo dessas “orações perigosas” e suas bênçãos.
Artigo publicado na edição em inglês da Aleteia, traduzido e adaptado ao português.
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