Não
verbalizar o que sentimos e permanecer em silêncio gera dor,
desconforto e angústia, suscitando sintomas físicos como: insônia, dor
de cabeça, sinusite, gastrite e dores musculares. Muitas vezes é difícil
definir um incômodo que sentimos, mas sabemos que ele existe devido a
sensação que permeia nosso interior e que nos diz que há “algo errado”.
Quando
o corpo físico apresenta queixas é sinal de que o emocional está
saturado: cheio de mágoas, medos e emoções presas. Muitos buscam curar
os sintomas paliativamente, tratando apenas o físico, de modo que os
sintomas retornam da mesma forma que apresentados anteriormente, ou
podem aparecer deslocados, isto é, sob a forma de outros fenômenos.
A
cura só é possível quando encontrada a causa, assim a psicanálise se
apresenta como um caminho para se alcançar o bem-estar. No processo
analítico é possível sanar o incômodo interno através da fala,
ferramenta que permite o acesso ao inconsciente, um lugar repleto dos
momentos vividos, mas que não é possível chegar a ele sozinho. Nele se
encontra todas as informações capazes de explicar a existência desses
incômodos. O caminho para o inconsciente necessita de direcionamento e
auxílio, por isso o papel do psicanalista é fundamental, somente ele
poderá dar toda a estrutura possível para seguir essa trilha sem se
perder. E esse trajeto demanda tempo, pois primeiro é necessário o
fortalecimento interno para encarar o que foi vivenciado até o momento,
rememorar lembranças e experiências ruins que foram guardadas de maneira
tão profunda para que suas memórias não machucassem mais.
O
pensamento é repleto de armadilhas e defesas. Quando o sentir está
dentro da mente, pode ser facilmente sabotado e enganado. É no ato da
fala que o sentir sai, isto é, toma a forma da palavra e toma a força da
voz. Ao verbalizar, esse sentir volta como um bumerangue e se desloca
do pensamento. Quando falamos, nos ouvimos e assim podemos acessar o
lugar da emoção em que o incômodo estava preso. Essa é uma jornada
impressionante que permite nos conhecer cada vez mais, de maneira que se
a dor voltar, conhecemos o caminho percorrido devido o trabalho de
descoberta analítica. Esse aprendizado e amadurecimento faz parte do
movimento de descoberta do Eu, do autoconhecimento e da libertação para
uma nova consciência.
Juliana CamposPsicanalista
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