domingo, 22 de fevereiro de 2009

A Pobreza - Programa Palavra Viva

Leio no "Almanaque Santo Antônio" 2009 que "um rico resolveu presentear um pobre por seu aniversário e ironicamente mandou preparar uma bandeja cheia de lixo e sujeiras.





Na presença de todos, mandou entregar
o presente, que foi recebido com alegria pelo aniversariante, que gentilmente agradeceu e pediu que o entregador aguardasse um instante, pois gostaria de poder retribuir a gentileza.
Então jogou fora o lixo, lavou bem a bandeja, desinfetou-a, encheu-a de flores, e devolveu-a com um cartão muito simples, que tinha guardado na gaveta de casa. No cartão estava escrita a frase: - A gente dá o que tem de melhor"! (p. 216)
O Dia Mundial da Paz deste ano teve a mensagem do Papa Bento XVI dirigida ao tema "Combater a pobreza, construir a paz". Na Encíclica "Populorum Progressio", o Papa Paulo VI escreveu palavras que continuam muito atuais:





"Ser libertados da miséria, encontrar com mais certeza a subsistência, a saúde, um emprego estável; participar nas responsabilidades, livres de qualquer opressão, salvaguardados de situações que ofendem a dignidade de homens; ser mais instruídos; numa palavra, fazer, conhecer e possuir mais, para ser mais: esta é a aspiração dos homens de hoje, quando um grande número deles está condenado a viver em condições que tornam ilusório este desejo legítimo" (n. 6).
Na audiência ao Corpo Diplomático em 8 de janeiro passado, Bento XVI afirmou-lhes que "para construir a paz, é preciso voltar a dar esperança aos pobres". (L'Osservatore Romano, edição de 17.01.09, p. 6).
"Voltar a dar esperança aos pobres"! Quando nós lhes damos isso, damos muito mais a nós mesmos, porque, pregava o Pé. Massilon na França do século XVIII, "a porta entre nós e o céu não poderá abrir-se enquanto esteja fechada a que fica entre nós e o próximo". Que belo pensamento: "quem me abre a porta do céu é o próximo, o próximo pobre a quem socorri! Por isso, quando ajudo, quando me torno instrumento que "volta a dar esperança a um pobre", dou esperança a mim também: a esperança de que a porta do céu está sendo aberta para mim por aquele mendigo, por aquele pobre que a bondade de Deus colocou em meu caminho, em
minha vida!
Quanto mais apegados somos às coisas, menos apegados somos aos irmãos.





Estamos às portas de mais uma Quaresma, de mais uma Campanha da Fraternidade que este ano nos apresenta como tema "Fraternidade e segurança pública" e como lema; "A paz é fruto da Justiça" (Is 32,17). De pronto me vem à mente o que se lê numa obra muito importante de Josué de Castro, "Geografia da Fome": "Há os que não dormem porque têm fome, e há os que não dormem porque têm medo dos que têm fome"! Todo aquele que não dorme porque tem medo dos que têm fome, por certo nunca reconhece Jesus no faminto.
Que coisa triste, na nossa vida, o apego: faz-nos ficar sovinas, mãos fechadas. E, no entanto, como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus, devemos nos esforçar para chegar no céu com as mãos vazias, porque tudo o que tínhamos fomos dando pelo caminho da vida...
Ouça esta historinha e tire lá suas conclusões: "Era uma vez um lenhador, um velho lenhador que subia a montanha quase todos os dias para cortar madeira. Dizia-se que era um homem avarento que guardava as suas moedas de prata, esperando que virassem ouro, e que ele dava mais valor a esse metal do que a qualquer outra coisa no mundo.
Um dia, ele foi atacado por um tigre e, por mais que corresse, não conseguiu escapar e o animal sumiu com ele. O filho, vendo o pai em perigo, correu para tentar salvá-lo. Levou uma faca comprida e, porque corria mais rápido do que o tigre que tinha que carregar um homem, logo os alcançou. O pai não estava muito machucado porque o tigre o agarrara pelas roupas. Então, vendo o filho prestes a esfaquear o tigre, gritou assustado:
- Não lhe estrague a pele! Se puder matá-lo sem furar a pele, podemos trocá-la por muitas moedas de prata.
Mate-o, mas não o corte".
Enquanto o filho ouvia as instruções do pai, o tigre saiu em disparada para a floresta, levando o velho até onde o rapaz não pudesse alcançá-lo e o matou." ("Histórias que elevam a alma", Guilherme Cordeiro, p. 20).
Isso é que é apego: apega-se até ao que ainda não tem! E paga com a vida... A sabedoria popular ensina que nada levamos desta vida, a não ser a vida que levamos... É avareza, um dos sete pecados capitais. O que é a avareza? É um apego demasiado e sórdido, imundo, nojento, ao dinheiro. É preciso vir com mais uma pequena história.
"Certa vez, um rico perdeu uma bolsa com quatrocentas moedas de ouro. Então, anunciou nos jornais da cidade que daria uma boa gratificação a quem achasse a bolsa.
Dias depois, apareceu um pobre, muito honesto, conhecido na cidade, trazendo-lhe a bolsa com as quatrocentas moedas. O rico contou as moedas: quatrocentas! Certinho. Mas, como era muito avarento, procurou um jeito de não dar a gratificação. Olhou para aquele homem humilde e bom e disse-lhe
- Faltam cem moedas, seu malandro. Tu não mereces gratificação nenhuma!
O pobre homem honesto e necessitando de dinheiro, foi expor o fato ao juiz. O juiz chamou o rico e perguntou-lhe:
- Quantas moedas havia na bolsa que perdeste?
- Quinhentas - respondeu o rico.
- E quantas há na bolsa que este homem trouxe?
- Quatrocentas, respondeu o rico.
Aí o juiz disse ao rico:
- Então essa bolsa não é a tua. Devolve-a a este homem e vai-te embora. Quando aparecer o verdadeiro dono, ele a entregará." ("Almanaque Santo Antônio" 2009, p. 150).

Fonte Programa Palavra Viva
Autor Carlos Martendal










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