Parte da homilia do Domingo de Ramos do Papa Francisco:
1. Jesus entra em Jerusalém. A multidão dos discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante d’Ele, fala-se dos prodígios que realizou, ergue-se um grito de louvor: «Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!» (Lc 19, 38).
Há uma pergunta, porém, que nos devemos pôr: Para que entra Jesus em Jerusalém? Ou talvez melhor: Como entra Jesus em Jerusalém? A multidão aclama-O como Rei. E Ele não Se opõe, não a manda calar (cf. Lc 19, 39-40). Mas, que tipo de Rei seria Jesus? Vejamo-Lo… Monta um jumentinho, não tem uma corte como séquito, nem está rodeado de um exército como símbolo de força. Quem O acolhe são pessoas humildes, simples. Jesus não entra na Cidade Santa, para receber as honras reservadas aos reis terrenos, a quem tem poder, a quem domina; entra para ser flagelado, insultado e ultrajado, como preanuncia Isaías na Primeira Leitura (cf. Is 50, 6); entra para receber uma coroa de espinhos, uma cana, um manto de púrpura (a sua realeza será objecto de ludíbrio); entra para subir ao Calvário carregado com um madeiro.
E aqui
temos a segunda palavra: Cruz. Jesus entra em Jerusalém para morrer na
Cruz. E é precisamente aqui que refulge o seu ser Rei segundo Deus: o
seu trono real é o madeiro da Cruz! Recordemos a eleição do rei David:
Deus escolhe não o mais forte, o mais valoroso, mas o último, o mais
novo, aquele que ninguém tinha considerado. O que conta não é a força
terrena.
Diante de Pilatos, Jesus diz: Eu sou Rei; mas a sua força é a
força de Deus, que enfrenta o mal do mundo, o pecado que desfigura o
rosto do homem. Jesus toma sobre Si o mal, a sujeira, o pecado do mundo,
incluindo o nosso pecado, e lava-o; lava-o com o seu sangue, com a
misericórdia, com o amor de Deus.
Olhemos ao nosso redor… Tantas feridas
infligidas pelo mal à humanidade: guerras, violências, conflitos
económicos que atingem quem é mais fraco, avidez de dinheiro, de poder,
corrupção, divisões, crimes contra a vida humana e contra a criação! E
os nossos pecados pessoais: as faltas de amor e respeito para com Deus,
com o próximo e com a criação inteira.
Na cruz, Jesus sente todo o peso
do mal e, com a força do amor de Deus, vence-o, derrota-o na sua
ressurreição. Queridos amigos, todos nós podemos vencer o mal que existe
em nós e no mundo: com Cristo, com o Bem! Sentimo-nos fracos, inaptos,
incapazes? Mas Deus não procura meios poderosos: foi com a cruz que
venceu o mal! Não devemos crer naquilo que o Maligno nos diz: não podes
fazer nada contra a violência, a corrupção, a injustiça, contra os teus
pecados!
Não devemos jamais habituar-nos ao mal! Com Cristo, podemos
transformar-nos a nós mesmos e ao mundo. Devemos levar a vitória da Cruz
de Cristo a todos e por toda a parte; levar este amor grande de Deus.
Isto requer de todos nós que não tenhamos medo de sair de nós mesmos, de
ir ao encontro dos outros. Na Segunda Leitura, São Paulo diz-nos que
Jesus Se despojou de Si próprio, assumindo a nossa condição, e veio ao
nosso encontro (cf. Fil 2, 7).
Aprendamos a olhar não só para o alto,
para Deus, mas também para baixo, para os outros, para os últimos. E não
devemos ter medo do sacrifício. Pensai numa mãe ou num pai: quantos
sacrifícios! Mas porque os fazem? Por amor! E como os enfrentam? Com
alegria, porque são feitos pelas pessoas que amam. Abraçada com amor, a
cruz de Cristo não leva à tristeza, mas à alegria.
Homilia do Papa na missa deste Domingo de Ramos, início da Semana Santa
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