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sexta-feira, 1 de março de 2013

No Coração da Vida: A hora certa de parar.



Luiz Turra



Saber a hora certa de parar é um atestado de sabedoria e grandeza

Faz algum tempo que um jornalista famoso de um diário da capital gaúcha escreveu um artigo de repercussão: “Saber parar na hora certa”. Referindo-se a todo tipo de pessoa com responsabilidades na linha de frente, o escritor falava que o saber parar é um atestado de sabedoria e grandeza. O problema é saber qual é hora certa. Onde estariam os critérios para a justa hora de saber parar?
Na realidade dos humanos há quem para cedo demais e há quem teima em não parar nunca e atrapalha os que poderiam garantir um futuro dinâmico e transformador. Existem os que mal começam exercer uma missão e dizem “terminei o gás!” Encerrar uma tarefa e começar outra, tentando acertar melhor, faz parte da normalidade da vida. Parar por entreguismo e acomodação, antes da hora, sem lançar-se para uma nova tentativa, é uma decisão prejudicial para a pessoa e para quem necessita de sua contribuição. Qual é a justa hora de parar? E quem para, quando e em que deve parar?

Nem antes, nem depois, parece ser um critério óbvio. Porém, quando se trata de realização humana e liberdade, de consciência do bem comum e de responsabilidade, não parece ser assim tão fácil decidir-se. Para quem se sente envolvido como sujeito de uma história e investiu a vida em determinada causa, a hora de saber parar não é uma brincadeira. 

Nessa questão também há um problema muito comum que acontece com pessoas que são forçadas a parar. Às vezes, é por causa da idade, outras vezes é por doença, ou até mesmo por incompetência no exercício de uma importante tarefa. Geralmente, não deixa de ser traumático o convite para que alguém pare uma atividade, ou o exercício de uma função, ou passe a outro o seu cargo que lhe merece um título de destaque.
Fico impressionado quando pais de família, que são também micro ou macro empresários, vão preparando os filhos para assumirem o que eles começaram e levaram adiante com garra, dedicação e competência. De outra parte, é muito desagradável quando há proprietários ou líderes de instituições que passam adiante seu empreendimento quando este está falido. Em lugar de ser a hora certa de parar, vira o momento da fuga e irresponsabilidade
.
Creio que deverá permanecer por muito tempo na mente de todos o dia 11 de fevereiro de 2013, quando o Papa Bento XVI anunciou sua renúncia. O fato surpreendeu o mundo! Porém, o pontífice foi coerente com o que havia afirmado no livro-entrevista “Luz do mundo”, sobre a hipótese de renunciar. Num primeiro momento disse ao jornalista: “Este não é o momento de renunciar, mas de enfrentar”. Mas na segunda pergunta do mesmo livro o Papa respondeu que é possível renunciar quando não é mais possível continuar.

A declaração de Bento XVI do dia 11, publicada em latim, por ser um pronunciamento oficial, expressa com sabedoria, clareza e humildade os motivos de sua hora de parar com plena liberdade. Por saber a hora de parar e tomar essa corajosa decisão, o Papa sela com a máxima dignidade a herança que deixa para a Igreja de todos os tempos.

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Papas também renunciam.



Frei Betto
Em geral, intelectuais não se dão bem com funções de poder. Parecem enfadonhas diante de tantos livros por ler e escrever


O papa não adoece, até que morra”, diz um provérbio romano. João Paulo II, homem midiático, não temeu expor–se enfermo aos olhos do mundo. Agora, Bento XVI dá um testemunho de humildade e, admitindo as limitações de seu precário estado de saúde, anuncia que renunciará dia 28 de fevereiro. 
Na história da Igreja quatro papas renunciaram ao ministério petrino: Bento IX (1º/05/1045), Gregório VI (20/12/1046), Celestino V (13/12/1294) e Gregório XII (4/07/1415). Bento XVI será o quinto.

Sagrado papa aos 20 anos, em 1032, Bento IX não primava pela ética e muito menos pela moral. Sua vida era um escândalo para a Igreja. O povo romano expulsou-o da cidade em 1044. Em 1045, voltou a ocupar o trono de Pedro e, meses após, renunciou. Retornou ao papado em 1047, do qual foi deposto definitivamente no mesmo ano. 
João Graciano, padrinho de Bento IX, pagou considerável quantia de dinheiro para que o afilhado lhe cedesse o lugar. Eleito papa em maio de 1045, adotou o nome de Gregório VI e governou a Igreja até dezembro de 1046, quando o afilhado o derrubou sob acusação de simonia.

Morto Nicolau IV, em 1292, cardeais italianos e franceses fizeram do consistório arena de disputas pelo poder, movidos mais por interesses políticos que pelas luzes do Espírito Santo. Após dois anos e três meses de impasse na eleição do novo papa, Pedro Morrone, eremita italiano, de sua caverna nas montanhas enviou carta ao consistório, instigando-o a não abusar da paciência divina. Os cardeais viram na carta um sinal de Deus e decidiram fazer do monge o novo chefe da Igreja. Pedro Morrone relutou, não queria abandonar sua vida de pobreza e silêncio, mas os prelados o convenceram de que o consenso em torno de seu nome tiraria a Igreja do impasse. 

Com o nome de Celestino V, tornou-se papa em agosto de 1294. Menos de quatro meses depois, a politicagem vaticana o levou ao limite de sua resistência. Em consulta a seus eleitores, levantou a pergunta-tabu: pode o papa renunciar? 

O colégio cardinalício não se opôs e, numa bula histórica, Morrone justificou-se, alegando deixar o trono de Pedro para salvar sua saúde física e espiritual. A 13 de dezembro do mesmo ano retornou à solidão contemplativa nas montanhas. Vinte anos depois foi canonizado, exaltado como exemplo de santidade. A 19 de maio a Igreja celebra a festa de São Pedro Celestino. 
Também o papa Gregório XII renunciou, no início do século XV, para evitar que o cisma na Igreja se aprofundasse.

Joseph Ratzinger, atual Bento XVI, é sobretudo um teólogo. Enquanto papa, não deixou de escrever, tanto que lançou uma trilogia sobre Jesus. São raros os papas-autores, sem considerarmos os documentos pontifícios, como encíclicas e bulas, quase sempre redigidos por assessores. 

Em geral, intelectuais não se dão bem com funções de poder. As questões administrativas parecem enfadonhas diante de tantos livros por ler e escrever. O político quer administrar; o intelectual, criar. Ratzinger talvez tenha decidido reservar o que lhe resta de tempo de vida para recolher-se à oração e à produção teológica.

Inicia-se agora a eleição do sucessor de Bento XVI. Dos atuais 209 cardeais da Igreja Católica, 118 têm direito a voto, por terem menos de 80 anos. Cinco eleitores são brasileiros: Geraldo Magella, arcebispo emérito de Salvador (79); Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo (78); Raymundo Damasceno, cardeal-arcebispo de Aparecida (76); João Braz de Aviz, ex-arcebispo de Brasília, hoje em Roma como Prefeito da Congregação para a Vida Consagrada (64); e Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo (63). 
Com certeza o novo papa fará sua primeira viagem pontifícia ao Rio de Janeiro, em julho, para a Jornada Mundial da Juventude.

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A última lição de Bento XVI


Olhar Diferente

Aldo Colombo
Com o comunicado de sua renúncia, o Papa administrou sua aula mais brilhante

A Igreja, em sua história bimilenar, foi governada por 265 papas. Cada um deles com personalidade, cultura e virtudes próprias. Sobretudo nos últimos 100 anos, figuras extraordinárias ocuparam a cátedra de Pedro. João XXIII passou à história como o Papa Bom. Foi substituído por um gênio de organização, Paulo VI. Depois houve o curto reinado de João Paulo I, o Sorriso de Deus. Depois surgiu a carismática figura de João Paulo II, o homem da mídia e das multidões. Bento XVI foi diferente de todos eles. Foi o professor, o Papa da Teologia e da Fé.

Com o comunicado de sua renúncia com data marcada – 28 de fevereiro – , Bento XVI administrou sua aula mais brilhante.Trata-se de um gesto marcado pela maturidade, pela grandeza e pelo amor. Foi uma atitude profética e que sinaliza mudanças importantes na Igreja nos próximos anos. A Igreja de Deus é divina, mas caminha na história. Ela lida com verdades eternas, que não podem ser negociadas, mas não pode tornar-se um museu. A verdade é eterna, mas os costumes não.

O Concílio Vaticano II há cinquenta anos ajudou a Igreja a acertar os passos com a modernidade. Uma Igreja que desceu da montanha para partilhar a vida dos homens e mulheres, como fermento evangélico. A história, hoje se acelerou. O que no passado acontecia em cinquenta anos, hoje acontece em seis meses. A Igreja de Roma pode ser comparada a um gigantesco porta-aviões que se desloca com vagar no mar da história, devagar mas com segurança. Mas isto não significa que não possa ser mais ágil.

Em dois mil anos de história, apenas um papa renunciou. Trata-se de Celestino V em 1294, um eremita, arrancado de sua solidão para a complexidade de Roma. Depois de cinco meses, para salvar sua saúde e sua alma, renunciou. Dante, na Divina Comédia, o chamou de grande desertor e o colocou no Inferno, mas a Igreja o colocou no céu com a canonização. Bento XVI esclareceu: “Diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino”. 

O Direito Canônico, a lei maior da Igreja, em seu artigo 332, prevê esta possibilidade. Não se trata de uma crise, mas um gesto profético que enche de esperanças e certezas a comunidade cristã. A Igreja situa-se numa encruzilhada e necessita escolher o caminho do futuro. A Igreja primitiva, quando Pedro estava preso, “rezava por ele sem cessar” (At 12,6). Navegando nos mares da história, a Igreja sempre enfrenta tempestades. Mas não há o que temer: ela é guiada pelo Espírito Santo. Bento XVI despediu-se em grande estilo. Trata-se de uma aula magistral.

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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Igreja deve falar a “nova linguagem” da comunicação, diz Papa




CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) - Bento XVI considera que a Igreja católica deve aprender e falar a “nova linguagem” dos meios de comunicação e das redes digitais.



Esse foi o desafio que o pontífice deixou nesta segunda-feira aos participantes na assembleia plenária do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, que reúne até quinta-feira no Vaticano representantes eclesiais, comunicadores e especialistas em comunicação dos cinco continentes.



“Não se trata só de expressar a mensagem evangélica na linguagem de hoje, mas de ter o valor de restabelecer de uma maneira mais profunda, como aconteceu em outras épocas, a relação entre a fé, a vida da Igreja e as mudanças que o homem está vivendo”, afirmou o Papa.



Bento XVI deixou ao Conselho das Comunicações a tarefa de aprofundar sobre o tema da “cultura digital”, “estimulando e apoiando a reflexão para uma maior consciência sobre os desafios que esperam a comunidade eclesial e civil”.



O bispo de Roma alentou os participantes na assembleia ao “compromisso de ajudar todos que têm responsabilidade na Igreja a ser capazes de entender, interpretar e falar a ‘nova linguagem’ da mídia em função pastoral, em diálogo com o mundo contemporâneo”.



Para isso, é necessário responder a estas perguntas: “Que desafios o chamado pensamento digital lança à fé e à teologia? Que perguntas e requisitos?”



Novos símbolos e metáforas



“A cultura digital lança novos desafios a nossa capacidade de falar e escutar uma linguagem simbólica que fale da transcendência”, disse.



O próprio Jesus – afirmou o Santo Padre –, “no anúncio do Reino, soube utilizar elementos da cultura e do ambiente de seu tempo: o rebanho, os campos, o banquete, as sementes, etc.”



“Hoje somos chamados a descobrir, também na cultura digital, símbolos e metáforas significativas para as pessoas, que possam ser de ajuda ao falar do Reino de Deus ao homem contemporâneo”, convidou o Papa.



Comunicação humana



A proposta do Papa é “promover uma comunicação verdadeiramente humana”, que deve analisar o novo fenômeno comunicativo “além de todo entusiasmo ou ceticismo fácil”.



A contribuição dos crentes – afirmou – deve ajudar “o próprio mundo dos meios de comunicação, abrindo horizontes de sentido e de valor que a cultura digital não é capaz por si só de entrever e representar”.