Olhar Diferente
Aldo Colombo
Com o comunicado de sua renúncia, o Papa administrou sua aula mais brilhante
A Igreja, em sua história bimilenar, foi governada por 265 papas. Cada um deles com personalidade, cultura e virtudes próprias. Sobretudo nos últimos 100 anos, figuras extraordinárias ocuparam a cátedra de Pedro. João XXIII passou à história como o Papa Bom. Foi substituído por um gênio de organização, Paulo VI. Depois houve o curto reinado de João Paulo I, o Sorriso de Deus. Depois surgiu a carismática figura de João Paulo II, o homem da mídia e das multidões. Bento XVI foi diferente de todos eles. Foi o professor, o Papa da Teologia e da Fé.
Com o comunicado de sua renúncia com data marcada – 28 de fevereiro – , Bento XVI administrou sua aula mais brilhante.Trata-se de um gesto marcado pela maturidade, pela grandeza e pelo amor. Foi uma atitude profética e que sinaliza mudanças importantes na Igreja nos próximos anos. A Igreja de Deus é divina, mas caminha na história. Ela lida com verdades eternas, que não podem ser negociadas, mas não pode tornar-se um museu. A verdade é eterna, mas os costumes não.
O Concílio Vaticano II há cinquenta anos ajudou a Igreja a acertar os passos com a modernidade. Uma Igreja que desceu da montanha para partilhar a vida dos homens e mulheres, como fermento evangélico. A história, hoje se acelerou. O que no passado acontecia em cinquenta anos, hoje acontece em seis meses. A Igreja de Roma pode ser comparada a um gigantesco porta-aviões que se desloca com vagar no mar da história, devagar mas com segurança. Mas isto não significa que não possa ser mais ágil.

O Direito Canônico, a lei maior da Igreja, em seu artigo 332, prevê esta possibilidade. Não se trata de uma crise, mas um gesto profético que enche de esperanças e certezas a comunidade cristã. A Igreja situa-se numa encruzilhada e necessita escolher o caminho do futuro. A Igreja primitiva, quando Pedro estava preso, “rezava por ele sem cessar” (At 12,6). Navegando nos mares da história, a Igreja sempre enfrenta tempestades. Mas não há o que temer: ela é guiada pelo Espírito Santo. Bento XVI despediu-se em grande estilo. Trata-se de uma aula magistral.
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