quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Parabens professores !!

Aos amigos e amigas professores, parabens pelo seu dia!!
alexandre

Vejam abaixo esta linda matéria, mostrando o trabalho de nossa amiga Creusa! Parabens amiga!!

5 de outubro de 2008 | N° 15759AlertaVoltar para a edição de hoje

DIA DO PROFESSOR

Ela desvenda o mundo a seus alunos

Educadora criou livros em braile para ensinar crianças cegas

Em uma sala de aula de uma escola porto-alegrense, cartazes com o alfabeto decoram a parede, desenhos de crianças repousam sobre a estante e cores fortes dão vivacidade a mesas, cadeiras e brinquedos. Seria uma sala de Educação Infantil como outra qualquer, não fosse uma particularidade: os alunos são deficientes visuais e contam com o auxílio de uma professora muito especial para descobrir o mundo.

No Dia do Professor, comemorado hoje, Creusa Fraga Marques é um exemplo de comprometimento com seus estudantes. Aos 50 anos, ela é responsável pela chamada “classe de inclusão” do Instituto Santa Luzia, na Capital. Em sua sala, dedica-se a preparar crianças de até 10 anos a fim de ingressarem em uma turma convencional de Ensino Fundamental e seguirem uma vida feliz e produtiva.


Veja outras fotos do projeto

Para dar as primeiras noções do alfabeto e do método braile, Creusa procura adaptar o mundo ao toque suave dos dedos infantis. Já criou, por exemplo, oito versões de livros em braile para crianças – ilustrando as páginas com figuras de bichos, plantas e objetos em alto relevo. Em um trabalho artesanal, a educadora procura representar no papel personagens citados nos livros. Assim, as crianças podem passar a mão sobre um leve tecido que imita as asas de uma cigarra ou duas tiras de papel que fazem as vezes de antenas de formiga.

– Faço isso porque elas precisam ter idéia do que estamos falando– explica.

Às vezes, é preciso até ensinar as crianças a brincar

Para montar cada livro, a artesã improvisada demora até um mês – já que precisa ocupar as horas vagas para essa tarefa espontânea. Creusa também idealizou e construiu por conta própria um jogo-tapete para estimular a percepção do tato nos pequenos alunos. Boa parte do trabalho da professora vai além das letras. Para adaptar os alunos a uma sala de aula convencional, com colegas capazes de enxergar, ela deve fazer com que se tornem mais independentes e sejam capazes de estabelecer relações sociais e de cooperação. Algumas vezes, é preciso até ensinar as crianças cegas a brincar.

– As meninas chegam brincando só de boneca, e os meninos, de jogar bola e de carrinho. Eles não estão acostumados a pegar um lápis e imaginar que é um avião. Precisam ser estimulados a descobrir a fantasia – explica.

A face mais dramática do trabalho de Creusa é quando recebe crianças que ainda não entenderam que são cegas. Por falta de esclarecimento no âmbito familiar, acreditam que ninguém é capaz de ver.

– Aos poucos, e com acompanhamento psicológico, vão se dando conta de que existem pessoas que enxergam. Isso é uma coisa que ainda me emociona muito – afirma a professora, que leciona no Santa Luzia há 15 anos.

Cada pequena conquista é comemorada pelos alunos

Atualmente, a sala da educadora conta com sete alunos – cinco meninas e dois meninos. Dois deles têm alguma capacidade de visão. Por isso, ela faz questão de usar cores no ambiente e nas atividades. Mas mesmo quem não enxerga é estimulado a preencher desenhos com tintas variadas, a fim de adquirirem a noção de que existem diferentes tonalidades.

Cada pequena conquista é motivo de orgulho para os jovens alunos. Ontem, o estudante Leonardo Trindade de Medeiros, sete anos, exibia uma pequena folha branca onde havia impresso símbolos em braile.

– Olha aqui, esse pontinho aqui é a letra “a”, sentiu? Fiz várias letras, uma do ladinho da outra. Também sei fazer a letra “e” – gabou-se, sob o olhar da professora que o ajuda a descobrir o mundo uma letra por vez.

marcelo.gonzatto@zerohora.com.br

MARCELO GONZATTO

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