sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A intuição do Padre Caffarel




Amigos esta semana foi cansativa, reunião interequipes e semana academica na universidade. Grandes palestras, muitos valores e tantos maverick, que beleza!

Continuo a postagem deste artigo do padre Angelo Epis. Boa leitura!

alexandre(da Alana)


ARRASTADOS PELA CONFUSSÃO MEDIÁTICA DIFICILMENTE PODE-SE ENTENDER O AMOR


Não tem mais tempo para olhares apaixonados, precisa entender logo com quem estou lidando, “ assim, se não me interessa, logo caio fora”. E em tudo isso pergunto-me aonde está o amor (amore), aquele com A maiúscula, que rima com “coração” (cuore), aquele que te deixa ansioso e envergonhado, aquele que faz sentir um buraco na barriga esperando o prazer.
A Internet ajuda os jovens a dialogar de modos novos, não tendo efetivamente um contato direto, mas um intercambio denso de e-mail, nos quais se examinam rapidamente, e em tempo real, todos os conceitos de amor, sexo e muitas outras coisas, virtualmente. O contato físico faz parte de um outro tipo de relacionamento que pode vir depois e sem excluir o outro, compensando-o, às vezes. Nesse ponto não serve mais dizer alguma coisa e “falar de amor” é inútil.
E os jovens conhecem muito bem o PC, navegam na Internet, criam as páginas Web e estão todos inscritos no Facebook, compram e vendem com e-bay, sabem manejar as post-pay e tem familiaridade com os link para fazer os download daquilo que desperta o interesse deles.
Este mundo novo, completamente ilusório, esta invadindo as mentes de muitos adolescentes, confundindo-os sempre mais so
bre violência, amor, afeto, compreensão. O amor, aquele sadio, não é considerado e, frequentemente, entre os "branchi" surgem competições para emular, ser protagonistas com o desejo de emergir e de oferecer espetáculo.
Os celulares complicaram ainda mais esta absurda existência que se move através do éter e nos trilhos da super-velocidade, como so
bre uma lâmina afiada.

A intuição do Pe. Caffarel


É útil traçar alguns aspectos essenciais do que o Pe. Caffarel deu às equipes, com os ensinamentos e os numerosos escritos sobre a criação, a expansão e a animação do movimento. Ele mesmo, voltando no passado, tratava de tirar lições para o futuro. È isto que vou tentar fazer com esta intervenção.
Devendo escolher, tenho presentes quatro pontos essenciais nos quais precisamos continuar refletindo, se quisermos, contemporaneamente ser fieis ao carisma fundador das equipes e fazê-lo viver em contextos frequentemente diversos daqueles vividos pela primeira geração. Lem
bremos que em Chantilly, no ano 1987, quatorze anos depois de ter deixado a direção das equipes, Pe. Caffarel fazia uma reflexão impressionante sobre o carisma fundacional, e com grande lucidez, fazia um balanço contrastante. Ele deixava o encargo de orientar o futuro do movimento, entregue à criatividade daqueles que teriam continuado a caminhada.

A espiritualidade do casal (de uma conferencia do Pe. Fleischmann)

Por volta do ano 1940, poucos movimentos cristãos faziam referencia aos casais como tal. Os conselhos evangélicos propostos na Igreja eram orientados separadamente ou para os homens ou para as mulheres e nunca feitos em comum! Partindo da pergunta de algum casal jovem, e com a sua ativa participação, Pe. Caffarel construirá as bases para uma espiritualidade dos casais.
A espiritualidade era correntemente considerada como a especialidade dos religiosos, célibes, enquanto o matrimonio era mais ou menos desprezado. Pode-se também dizer que a sexualidade era frequentemente considerada, em lugares mais fervorosos, como uma espécie de concessão inevitável para a procriação e para aplacar o desejo; o sentido cristão não era muito aprofundado. Henri Caffarel afirma, com força, que “os leigos devem definir bem quais são os seus meios e os seus métodos, o que constituirá a espiritualidade do cristão casado” (Conferencia para os responsáveis das equipes, 1952).
Revisando os editoriais da carta das equipes dos primeiros anos, aprecem coisas interessantes. Em junho 1950, por exemplo, Caffarel da uma definição para a espiritualidade: “a espiritualidade é a ciência que trata da vida cristã e dos caminhos que conduzem ao seu florescimento pleno”. Em seguida o Pe. Precisa que não se trate, para as famílias que procuram construir a sua espiritualidade, de evadir do mundo, mas de aprender como, seguindo o exemplo de Cristo, servir a Deus na sua vida e no mundo. Ele lhes faz desco
brir como a espiritualidade não seja feita somente por alguns passos como a oração e a ascese, mas requer o serviço a Deus aonde se vive: na família, no trabalho, na cidade.
No coração do percurso espiritual dos casais, Caffarel coloca sua reflexão so
bre o amor, sobre os laços estreitos entre amor de Deus e amor humano. A chave é: “O amor humano é a referência para entender o amor divino. Pelo seu poder de tornar dois seres em um só, resguardando a personalidade de cada um, o amor nos permite de ter a inteligência da misteriosa união do Cristo com a humanidade e do matrimonio espiritual da alma com o seu Deus”. (Discurso sobre o amor e a graça, p. 44). Aqui está o ponto central: a partir da experiência vivida no amor do casal, pode-se descobrir o amor de Deus, sua fidelidade, seu desejo de bem para nós, ao mesmo temp que os cônjuges desejam a alegria um do outro, no âmbito humano e naquele de seu amadurecimento religioso; sem esta dupla dimensão, o seu amor seria imperfeito, mutilado, no dizer de Caffarel.
Para construir a espiritualidade, o Pe. Caffarel insiste no discernimento do verdadeiro objetivo procurado na vida espiritual. Em um vigoroso editorial que intitulou simplesmente: But numéro un, ele mostra que, entre outros objetivos como o aprendizado da oração e o estudo do pensamento cristão, aos quais não se deve renunciar, não se pode perder de olho o escopo número um: A UNIÃO COM CRISTO. União com Cristo, ou seja, imitação de Cristo em todas as horas e atividades da vida... Eis o objetivo. (carta, fevereiro 1950 ).
Se questionado so
bre aonde pode basear a sua consistência esta aliança espiritual com Cristo, Pe. Caffarel coloca logo no centro da perspectiva a Eucaristia, prodigando-se para não isolar este sacramento dos outros elementos indispensáveis para a vida cristã: a formação da fé com o contato habitual com a Palavra de Deus, a oração de meditação e o amor vivo e eficaz ao próximo (cfr. Carta, Março 1958 ). Pe. Caffarel analisa o modo em que o casal vive a Eucaristia. No número, Le Mariage route vers Dieu, aparece um belo artigo sobre matrimonio e Eucaristia. Com o risco de antecipar um pouco o segundo ponto, preciso apresentar a reflexão do padre sobre este tema. Em comunhão com Cristo, o amor dos esposos é transformado pela graça da Eucaristia que lhe traz “purificação, novidade de vida” e que conduz a desejar compartilhar “o amor e a alegria de Deus, a santidade”( Propos, pp. 253-254).
Ma profundamente ainda, Pe. Caffarel diz ao casal que se o Cristo renova na Missa a sua única oferta do Calvário, é “porque ele quer que o seu sacrifício penetre até as profundezas carnais e espirituais da sua família, para criar também em vocês um estado de ânimo de oferenda permanente ao Pai” ( ibid. p. 261). Em fim, como Cristo vive seu sacrifício na Igreja na Missa, deseja vivê-lo na família que se dispõe habitualmente a doar-se realmente: os dois se doam um para o outro e ao mesmo tempo oferecem a seu amor a Deus do qual receberam tudo em Cristo.
Pe. Caffarel indica com profundidade o sentido do nascimento e da presença das crianças na família. Fiquei impressionado por duas frases achadas nos Propos: “O Criador fez do amor o insubstituível colaborador de sua paternidade. Por amor ao amor, Deus amarrou suas mãos: ele não terá outra posteridade se não aquela que lhe será dada pela união do homem e a mulher”. E ainda: “Esposos, sintam a batida do coração de Deus no desejo ardente de um filho na intimidade do seu amor” ( p. 44).
Assim, a fecundidade e a capacidade de gerar são dom de Deus, partilha de sua própria paternidade. O desejo de dar a vida associa inseparavelmente o amor do casal e o amor de Deus presente na família. A procriação e a educação manifestam, no dizer de Pe. Caffarel, o ágape que vivem os cônjuges e que eles aspiram a comunicar (cf. Le mariage, route vers Dieu, p. 288).
Tratando-se de educação, a espiritual esta privilegiada; Pe. Caffarel pede que nas famílias se formem “procuradores de Deus”, que frequentem a Bíblia, que rezem juntos, integrando na oração familiar os elementos da oração litúrgica da Igreja.
Um aspecto que não pode ser descuidado no que o Pe. Caffarel chama de a vida mística do casal cristão, é o sentido do pecado e do perdão de Deus. A espiritualidade do casal não deve ser idealizada! Quando as opacidades de um ou do outro, as incompatibilidades, as formas diferentes de mal que dividem, os esposos cristãos têm o dever de desco
brir que são pecadores.
Os insucessos do amor levam a uma tomada de consciência do fato que o próprio amor tem necessidade de ser salvado. Caffarel conclui um parágrafo intitulado Communauté pécheresse, repentante et pardonnée com estas palavras: “Se aceitarem a dolorida descoberta (ser pecadores), a sua comunidade conjugal torna-se finalmente comunidade penitente na grande comunidade penitente que é a Igreja que recorre ao seu Senhor do qual não quer colocar em duvida a presença e a solicitude, então, a
brindo-se para o perdão, renascerão para a esperança”. (Le Mariage ce grand Sacrement, pp. 332-333).

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