quarta-feira, 24 de agosto de 2011

CANONIZARAM A DESONESTIDADE

O perigo de apontar o dedo contra os outros é que o mesmo dedo se entorte na direção de quem o apontou. Não há quem não tenha seus escorregões. Mas há uma enorme diferença entre o que erra por fraqueza e o que o faz com premeditação. Ele não se importa com os estragos que causa, erro após erro, corrupção após corrupção, desvio após desvio de verba. É o que tem acontecido há décadas no mundo e no Brasil. Se acreditam em Deus, a impressão é a de que agradecem a ele o enriquecimento do Brasil, porque isto significa mais dinheiro para desviarem…



As notícias do DNI e quejandas repartições pelas quais flui o rio das verbas do povo, administradas pelo Governo, lembram alguns dos Salmos e textos de Amós e Oséias. O leitor de Bíblia achará muitos outros… Também naqueles dias, 750 a 650 anos a.C. a corrupção grassava insanável. Era um escândalo atrás do outro! Com o passar do tempo, nem o Templo escaparia. A corrupção campeava generalizada. Não havia lugar onde os caçadores de dinheiro não se infiltrassem.

Sobre os portadores do Vírus da Corrupção, doença milenar que se instala em repartições do poder, ou onde há dinheiro grosso, dizia o salmista, possivelmente Davi: Disse o desinformado no seu coração: Deus não existe. Caem na corrupção, praticam atos abomináveis, não há ninguém que faça o bem. (Sl 14,1)

Aquele que preside desde a antiguidade (Selá), Deus, ouvirá, e reagirá, porque não há nesta gente nenhum desejo de mudança. Eles não temem a Deus. (Sl 55, 19)

Corrupção generalizada

Amós em Israel ao norte, gritava para governos, funcionários e ricos do seu tempo, todos eles surdos ante a sua profecia, que haveria fogo em Judá e que os palácios seriam consumidos. Todos haviam perdido o senso do correto. Havia gente se vendendo por qualquer dinheiro e até por um par de calçados… Enquanto isso os palácios estocavam ouro, violência e corrupção. Deus não ouviria mais suas violas e seus cantos. Um rio de justiça correria pela corrupta Israel. E os que dormiam em camas de marfim e nadavam no bem-bom e no melhor enchendo suas taças do vinho da melhor qualidade, veriam dias de sofrimento, porque aquela riqueza passaria mais rápido do que imaginavam.

A prosperidade não duraria e, porque Israel não soubera usar da riqueza da qual desfrutava, os risos dos palácios acabariam em prantos de rua. Não tem sido mais ou menos o quadro do Brasil corrupto e desperdiçados de agora? Os jardins e as flores andam escondidos atrás de muros de quatro metros de altura, ainda assim cercados de arame farpado, alarmes e cercas eletrificadas. Mas os ladrões e corruptos as invadem ou arrecadam quanto querem e o que podem arrancar do cidadão. Tempos houve em Israel em que os impostos chegavam a 60 % do que o povo produzia. Alguma ilação com o Brasil de agora?



Isaias na mesma época em Judá, ao sul, falava da nação pecadora cheia de malfeitores que haviam se apossado do poder, homens corruptos e corruptores que haviam abandonado as leis do Senhor . Ezequiel garantia que Deus não ficaria silencioso contra a corrupção. Enquanto isso, cantava-se nos templos : Livra-me, meu Deus, das mãos do ímpio, das garras do homem injusto e cruel. (Sl l7, 4)

A Bíblia denunciava

A Bíblia mostra os bons e os maus exemplos. Quando os que não roubam nem se deixam comprar ou corromper perdem a força; grupos organizados tomam de assalto instâncias do poder, e outros invadem casas e prédios, lojas e supermercados, porque lá está o dinheiro; quando traficantes vendem pó e crack aos jovens e adolescentes ferindo o futuro de uma nação; quando lá fora, uma cantora de sobrenome “Casa do Vinho (Winehouse)” se auto-destrói com overdose de tóxico e seus fãs a homenageiam com isqueiros, cigarros, garrafas de bebida e flores…não há como não concluir que estamos com estavam Judá e Israel no tempo de Jeremias e Amós.

Os que anunciavam que a prosperidade seria efêmera não foram ouvidos… Os profetas de agora também não são. Por que ouvi-los se há profecias bem mais gostosas e açucaradas a dizer que tudo vai bem e nada poderá ir mal neste país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza?

Padre Zezinho SCJ

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