terça-feira, 9 de setembro de 2014

EM MEMÓRIA DO PE. CAFFAREL



O Pe. Franscec VERGES I VIVES era espanhol, mais exatamente, catalão. Conheceu o Pe. Caffarel desde o início das Equipas de Nossa Senhora no seu país.


Meu Pe. Caffarel

Uma tarde de Setembro, um telefonema do Pe. Sarrias anuncia-me a morte do Pe. Caffarel. Exclamei espontaneamente: «Sinto-me órfão!».Caffarel tinha sido para mim um pai na fé e no meu ministério sacerdotal.

Não o único, mas um dos mais importantes. Não o via há alguns anos, mas estava sempre presente no meu espírito. É claro que não sou o único a sentir a sua morte como a de um pai. Muitos equipistas por esse mundo terão este mesmo sentimento.
No Domingo 3 de Novembro de 1996, na sacristia da nossa Catedral, muitos Conselheiros das Equipas estávamos a preparar-nos para a Missa em sua memória. O Cardeal, Mons. Carles, também ele antigo Conselheiros das equipes, confessou-me que tinha conhecido o Pe. Caffarel através da revista L’Anneau d’Or. Teria sido muito interessante ouvir as recordações de cada Conselheiro. É a minha vez de contar as minhas.

A partir de 1954, tive muitos contatos com o Pe. Caffarel, no início das ENS em Barcelona. Em Paris, nas jornadas dos Conselheiros. Em Roma e Lourdes nos Encontros Internacionais das Equipas e do Movimento das Viúvas, outra obra suscitada por ele. Em Barcelona, pela primeira vez em 1959, uns meses depois do encontro de Roma com o Papa João XXIII, havia o entusiasmo e um grande impulso de expansão no nosso país e no mundo inteiro. Muitas pessoas estavam interessadas nas Equipas, um período feliz para as ENS. O Pe. Caffarel recebeu em minha casa o jovem Jordi Pujol (futuro Presidente da Catalunha) para falar das equipas de casais «Confraria de Virtêla» que estavam a começar à imagem das ENS. Em Blois, houve uma
reunião com alguns casais e conselheiros, durante a qual ele nos deu a conhecer o seu desejo para o presente e o futuro das Equipas. Em Madrid, numa Jornada Internacional de Responsáveis, ouvi-o dar a sua visão das Equipes como comunidades cristãs que viviam a interiorização da fé, na confiança e no acolhimento dos equipistas. Voltei a encontrá-lo também em Lourdes durante o Concílio, num encontro internacional. 

Alguns anos depois, fui a Troussures, à Casa de Oração, para participar numa das famosas «Semanas de Oração», em que ele foi o meu mestre de oração. Estávamos no fim de 1970 e ele já não era o Conselheiro Espiritual das ENS. E foi nessa Casa que ele morreu em Setembro de 1996. Não conheço toda a sua vida. Em 1939, era um jovem padre em Paris. Foi vigário paroquial na paróquia de St. Augustin em Paris. Algum tempo antes da guerra, conheceu jovens casais bons cristãos – talvez antigos escuteiros ·– que lhe pediram que os esclarecesse sobre o amor no casamento e o seu desejo de amar Cristo. Ele recordava que o amor alegre daqueles quatro casais o tinha tocado e levado a interessar-se pelo casamento através deles. Dizia: «Eles ensinaram-me o que era o amor humano, e eu podia ensinar-lhes o que era o amor a Cristo». Confessava que isso o tinha conquistado e entusiasmado, revelando-nos assim o segredo da sua vida: «No
princípio, dizia ele, quatro reuniões bastaram para decidir a minha vocação».

O Pe. Caffarel foi um homem «de vocação», como gostava de dizer Emmanuel Mounier, seu contemporâneo. Era, ao mesmo tempo, encorajador e exigente. O Pe. Caffarel foi esse humanista, seduzido por Cristo, homem do encontro e da experiência de Deus. O «quaker católico», como eu lhe chamava às vezes, fazendo referência a Thomas Kelly, o quaker que ele tanto apreciava e muitas vezes citava. Sabendo isto dele, compreende-se o seu entusiasmo e a sua tenacidade. O seu ser vivia em profundidade, e, ao longo
dos anos, ele comunicava essa profundidade a tudo o que empreendia. Fiel ao seu chamamento íntimo – à sua vocação – fazia avançar todas as suas obras.  Franscec Verges I Vives

Associação Internacional de Apoio
à causa da Beatificação do
Padre Henri CAFFAREL
49 rue de la Glacière – 7ème étage
F-75013 PARIS
www.henri-caffarel.org

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