segunda-feira, 15 de abril de 2019

A casa ficou cheia com o cheiro do perfume.

Segunda-feira da Semana Santa

Leitura de Segunda, 15 Abril 2019 

 

 

D. Laurence Freeman
João 12, 1-11
A casa ficou cheia com o cheiro do perfume.

Esta semana é uma penetração do mistério de Jesus de Cafarnaum, que é o Cristo para aqueles que o veem com os olhos da fé. Viajar para qualquer mistério envolve encontrar novas dimensões da realidade, nas quais a mente lógica e o senso comum protestam contra a violação do absurdo. Isso não faz sentido. É tudo um mito. Tudo bobagem! Essas reações podem de fato estar bem enraizadas, por isso devemos ouvi-las com respeito: o diálogo com os ateus é melhor do que pregar aos convertidos. Mas elas também podem ser os sinais de que estamos progredindo pelos espaços interestelares e encontrando uma realidade que nos contém, e não a imagem de uma realidade que observamos através de um telescópio.

Nesta jornada de fé – pois a fé é uma jornada – podemos voltar aos acontecimentos passados ​​e ver o que eles revelam do presente e de nossa direção para o futuro. Conheci uma pessoa que quase se afogou e realmente viu sua “vida passar diante de seus olhos” como um filme voltando ou avançando, ele não sabia dizer qual das duas coisas. Um dia descobriremos por nós mesmos.
As histórias desta semana fazem a mesma coisa. Hoje assistimos ao flash back de uma refeição. Jesus comia muito – ou, pelo menos, comia com muita frequência. No jantar, uma vez, com amigos e convidados, Maria de Betânia abriu um pote de unguento caro e ungiu seus pés. A casa ficou cheia do perfume de nardo e do seu espírito de serviço.

Duas pessoas podem olhar para a mesma coisa e reagir de maneira diametralmente oposta. Alguns convidados do jantar devem ter sido transportadas pelo ato espontâneo e simbólico de Maria, que prestava uma carinhosa homenagem, e ter sido tocadas em seus sentidos pelo cheiro do perfume. Judas – que será um guia importante para nós ao longo do significado dos mistérios da Semana Santa e da Páscoa, e de quem estamos mais próximos do que gostamos de imaginar – reagiu de forma diferente. Olhou para a etiqueta de preço no frasco e reclamou do desperdício. Há momentos para barganhar e momentos em que o valor real transcende o valor do dólar.

O cheiro de perfume perdura muito além do momento em que é liberado. Na dimensão espiritual, ele se espalha além do tempo e do espaço, permanecendo no ar para sempre. Uma boa ação de puro serviço, um sorriso e um toque de ternura num momento de fracasso e pesar, um gesto fortuito que ilumina toda a verdade e abre o coração ao que ele não conhecia: na dimensão profunda que envolve todas as dimensões e na qual o passado e o presente se fundem, essas coisas são impossíveis de esquecer. Mahatma Gandhi certa vez comparou o evangelho ao perfume de uma rosa e apontou a distância que o cristianismo institucional havia tomado de seu Mestre. “Uma rosa não precisa pregar. Ela simplesmente espalha sua fragrância. A fragrância é seu próprio sermão [...] a fragrância da vida religiosa e espiritual é muito mais fina e sutil que a da rosa.”

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