sexta-feira, 23 de maio de 2014

Você diz eu te amo?


Aldo Colombo



Tudo o que não se renova morre. O amor é sempre novo. Ou já morreu.

Um grupo de mulheres reuniu-se num seminário sobre como melhorar sua vida conjugal. A palestra começou com uma pergunta: Quem de vocês continua amando o marido? Todas levantaram a mão. Uma segunda pergunta: Qual a última vez que vocês disseram ao marido que o amavam? Algumas responderam: hoje. Outras disseram: ontem. Muitas admitiram que não se recordavam. Na sequência foi feito um teste pelo SMS - serviço móvel de comunicação. Todas elas deviam mandar uma mensagem: “Eu te amo muito, querido!”.

Horas depois foi-lhes pedido que revelassem as respostas dos maridos. Como era de supor o conteúdo variou muito. Um deles afirmou: “Mãe de meus filhos, eu te amo muito”. Outro foi lógico: “Eu também te amo, querida”. Uns ficaram desconfiados: “Que foi, bateu o carro de novo?”. Uma variante: “Não faça rodeios, de quanto precisas?”. Ou ainda: “O que foi que você fez desta vez?”. Um marido mostrou-se desconfiado: “Se não me disser para quem era este e-mail, eu te mato!”. Surpreso um marido admitiu: “Estarei sonhando?”. A melhor delas: “Quem você é?”.

Existem algumas doenças fatais que ameaçam a felicidade conjugal. Uma delas é a rotina. Passou o encantamento e a vida segue sem o brilho dos tempos de namoro e noivado. Tudo experimentado, tudo ficou rotineiro. Outra doença é a visão distorcida: o amor é para os grandes momentos e estes são muito poucos.
Casamento é comunhão de vida. São dois projetos que se fundem num só. Esse projeto a dois começa a ser sonhado no namoro, é fortalecido no noivado e se torna oficial no casamento. Mas é bom lembrar que casamento não é ponto de chegada, mas de partida. A felicidade não é algo que se busca, mas uma maneira de caminhar. A felicidade é construída nos pequeninos gestos de cada dia. 

O amor precisa sempre ser novo. Precisa ter o brilho, as surpresas e as descobertas dos primeiros encontros como namorados. O saudoso padre Paul-Eugéne Charbonneau (1925-1987) recomendava: os casais cristãos precisam casar todos os dias. Casamento não é uma festa, mas uma vida. Casar não é querer ser feliz. É querer a felicidade da pessoa escolhida. Naturalmente, a felicidade dada retorna, multiplicada. A comunicação é decisiva no casamento. É ela que ajuda a entender os “sinais” emitidos pelo par. Assim como pode ferir, a palavra tem um valor medicinal. Ela supera as crises e faz renascer o encantamento dos primeiros dias. Nada entendia de amor, o marido que respondeu de mau humor: “De novo! Você já me disse mil vezes que me ama”.

Quando os sentimentos não são manifestados e verbalizados, depois de algum tempo, os esposos tornam-se estranhos. E por isso procede a surpreendente resposta do marido: Quem você é? Tudo o que não se renova morre. O amor é sempre novo. Ou já morreu.
Fonte:Correio Riograndense
Edição 5.394 – Ano 106 – Caxias do Sul - RS, 07 de maio de 2014.     

Nenhum comentário: