segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Ousar o Evangelho da Cruz


No logótipo de Brasília 2012, «a cruz na proa do barco ilustra o sinal de Cristo à proa do Movimento das Equipas de Nossa Senhora». Os antigos veleiros tinham na proa, imagens de deuses ou de criaturas terrificadoras para incutir medo e com ele enfrentar com coragem os perigos do mar; o barco da Igreja avança mostrando ainda a cruz de Cristo, anunciando a palavra da cruz. Face às armadilhas do mundo, em resposta às inúmeras mensagens impregnadas de bom senso humano, que quer persuadir a viver o amor come fosse uma aventura romântica, somos chamados como casais cristãos a ousar o evangelho da Cruz, que ainda faz escândalo e é considerado um disparate. A lógica do dom total de si próprio para amar até ao extremo como Jesus, até ao sacrifício de si próprio para permitir ao próximo viver, é algo que é preciso testemunhar, com a vida e com a palavra da cruz que a interpreta, aos casais que se arriscam naufragar nas dificuldades da vida.

Palavra do Senhor (1Cor 1, 18-25)

A linguagem da cruz é certamente loucura para os que se perdem mas, para os que se salvam, para nós, é força de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o letrado? Onde está o investigador deste mundo? Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Pois, já que o mundo, por meio da sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem, pela loucura da pregação. Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria, nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder e sabedoria de Deus. Portanto, o que é tido como loucura de Deus, é mais sábio que os homens, e o que é tido como fraqueza de Deus, é mais forte que os homens.

Reflexão

«A vossa geração tem reencontrado alguns valores importantes. Palavras que ressurgem sem cessar na conversação e os textos os testemunham: humanismo, alegria, amor, equilíbrio, encarnação, realização, etc.

Que estes valores de que falamos sejam verdadeiramente cristãos, não o contesto. Mas o apego ciumento, susceptível, exclusivo, manifestado relativamente a estes valores por muitos dos nossos contemporâneos, parece-me suspeito. Não esconderá a recusa de outros valores cristãos não menos verdadeiros: o sacrifício, a mortificação, a penitência, a cruz? Não se deve, de qualquer forma, esquecer as palavras de Cristo: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me”. (Lc 9, 23), nem as palavras de S. Paulo: “enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria, 23nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder e sabedoria de Deus”. (1Cor 1, 22-23).

O equilíbrio cristão é expresso pelo binómio Paulino: morte-ressurreição. Se se elimina ou subestima um dos termos, altera-se a espiritualidade cristã. Têm razão de querer apresentar aos não crentes o rosto feliz e forte do amor e da fé. Mas então não esqueçam que a Paixão precede a Ressurreição, que o júbilo é fruto da Cruz: ”Aquele que não traz a cruz cada dia”, ou seja que não mortifica sem descanso um egoísmo renascente, que não acolhe os próprios sofrimentos, pequenos ou grandes, como provas de purificação, nunca vai oferecer aos outros o espectáculo de um amor irradiante, de uma religião sedutora. (H. Caffarel)
 
fonte:site ENS Portugal


http://ens.pt/Story.mvc.aspx/Details/593

Nenhum comentário: